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10/24/2025
Um Repórter em Close
Por Amir Labaki

Por mais de 20 anos Laura Poitras tentou convencer Seymour M. Hersh a colaborar num retrato dele em documentário. Compreende-se. Hersh, 88, é forte candidato a mais importante repórter investigativo americano em atividade. Poitras entende do ofício, tendo vencido o Oscar de melhor documentário de longa-metragem de 2014 com o perfil do whistleblower Edward Snowden em “Citizenfour” (exibido pela primeira vez no Brasil no É Tudo Verdade).

Valeu a persistência. O resultado chega agora às telas em “Cover-Up” (co-direção de Mark Obenhaus), lançado no mês passado na 82ª. Mostra Internacional da Arte Cinematográfica da Bienal de Veneza e em exibição nesta semana na 49ª. Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. No próximo ano estará disponível em streaming pela Netflix.

No entretempo, Hersh publicou suas memórias em “Repórter” (Todavia, 2019, 384 págs, R$ 110,00), refazendo sua própria trajetória como um dos mais premiados jornalistas do pós-guerra nos EUA. No topo da estante, o Pulitzer que recebeu em 1970 pela revelação do massacre de civis vietnamitas, entre os quais mulheres e crianças, por soldados americanos em My Lai, no então Vietnã do Sul.

Com sua participação direta ou indireta, vários de seus mais impactantes “furos” de reportagem inspiraram documentários. “Os Julgamentos de Henry Kissinger” (2002), de Eugene Jarecki, foi adaptado de um livro de Christopher Hitchens muito devedor do pioneiro trabalho de Hersh. 

São inegáveis ainda os pontos de contato entre o jornalismo dele e algumas das principais obras de Errol Morris. “Sob a Névoa da Guerra” (2003) e “The Unknown Known” (2013), retratam respectivamente os ex-secretários de Defesa Robert McNamara ((JFK e LBJ) e Donald Rumsfeld (Bush Jr.). “Procedimento Operacional Padrão” (2008) discute violações a direitos humanos na prisão iraquiana de Abu Ghraib. A série “Wormwood” (2017), por sua vez, trabalha em registro híbrido experimentos secretos da CIA com drogas alucinógenas nos anos 1950.

Seymour Hersh compensou a espera de Poitras abrindo-lhe suas inéditas anotações de trabalho. “Cover-Up” é assim tanto uma reconstituição de sua vida, com mais de seis décadas dedicadas a reportagens, quanto uma radiografia de seu método jornalístico. Ao centro deste, o acesso a graduadas fontes no establishment dos EUA, principalmente entre militares e membros (ou ex) da comunidade de informações, sob garantia de anonimato.

Sua carreira jornalística começou com a revelação em 1967 de um acidente perto da base militar de Dugway, no estado do Utah, onde secretamente se desenvolviam armas químicas e biológicas. Um emprego em seguida na editoria de polícia num jornal de Chicago confirmou-lhe a vocação. “Me apaixonei por ser repórter”.

Dois anos mais tarde, cobrindo como freelancer a Guerra do Vietnã, Hersh denunciava o morticínio em My Lai, por meio de uma matéria distribuída para grandes jornais por uma pequena agência de notícias (Dispatch News Service). A cobertura premiada com um Pulitzer seria seguida regularmente, por meio século, de “furos” de imensa repercussão para desconforto dos poderosos da hora nos EUA.

Para o The New York Times, entre 1972 e 1979, ficando em poucos exemplos, Hersh reforçou a cobertura do escândalo de Watergate, liderada por Bob Woodward e Carl Bernstein do Washington Post; revelou a participação direta da CIA, coordenada pelo então secretário de Estado Henry Kissinger, no golpe militar no Chile que derrubou Salvador Allende em 1973; e escancarou outras operações vis da agência de inteligência (algumas elencadas num relatório interno que se tornou célebre como “Joias da Família”), catalisando históricas investigações oficiais de suas atividades, a mais famosa delas pelo Comitê (Frank) Church do Senado, de 1975.

Sua saída do diário novaiorquino estaria vinculada à mudança de foco jornalístico, em parceria com Jeff Gerth (um dos entrevistados do filme), dos vícios públicos para os privados, a partir de uma série sobre o conglomerado Gulf and Western. “Sem festa de despedida”, foi uma ruptura sem volta.

“Vi os limites do jornalismo diário”, sustenta Hersh em “Cover-Up”. “Há um limite. Você não pode fazer muito quando se está publicando no dia seguinte”. Seu foco se voltou para reportagens em livro, como o que dedicara ainda em 1972, sob o título emprestado por Poitras, para a tentativa oficial de varrer para debaixo do tapete a responsabilidade pelo massacre de My Lai.

Seguiram-se, entre outros, “The Price of Power” (O Preço do Poder, 1983), uma autópsia das vilanias de Kissinger na Casa Branca de Nixon; “The Samson Option” (A Opção Sansão, 1991), a respeito do programa nuclear israelense; e “O Lado Negro de Camelot” (L&PM, 1997), “sobre um homem (JFK – AL) cujas fraquezas pessoais”, com ênfase nas aventuras sexuais, “limitaram sua capacidade de cumprir seus deveres como presidente”.

“Todos os livros que publiquei deixaram pessoas furiosas”, comenta Hersh no filme. “Especialmente o sobre John Fitzgerald Kennedy”. Resenhando-o para a New Yorker, Gore Vidal refutou alguns dos principais ataques ao volume, não viu maiores revelações, e defendeu Hersh como “um investigador à moda antiga”.

Para o autor de “Lincoln”, a mais importante contribuição do livro é trazer à luz “a perigosa inadequação da imprensa americana”, diante do tanto sabido, mas não publicado ou transmitido, no calor da hora sobre JFK. Curiosamente, uma década e meia antes, Paulo Francis cantara a bola primeiro quanto a “The Price of Power”. “O livro devasta mais a imprensa”, escreveu na Folha. “Hersh diz o que os jornais, revistas e TVs diziam de Kissinger e o que ele estava fazendo em verdade”.

Em paralelo ao trabalho em livros, entre 1993 e 2011 Hersh encontrou um novo porto para seus despachos em The New Yorker, centrados sobretudo no Oriente Médio, notadamente a “guerra ao terror” em seu macabro e caótico capítulo no Iraque (Abu Ghraib foi um de seus “furos”) e o programa nuclear iraniano. À crescente controvérsia em torno de seu recurso a fontes anônimas, o editor David Remnick saiu em sua defesa em 2003 declarando: “Conheço cada fonte que está em seus artigos”. 

A colaboração, contudo, se encerrou no início da década passada. Em 2013, a revista não encapou uma reportagem atribuindo um ataque com armas químicas aos rebeldes sírios, e não como amplamente difundido ao ditador Bachar al-Assad. Por um tempo, o jornalista encontrou guarida em publicações internacionais como o London Review of Books e Die Welt, nunca livre de polêmicas.

Hersh se voltou então para a autopublicação no blog Substack. “Sou um outsider”, autodefiniu-se. Um dos mais veementes ataques recentes concentrou-se no uso de uma fonte anônima única para uma reportagem de 2023 em que atribuía aos EUA a sabotagem do gasotudo Nord Stream que leva gás da Rússia à Alemanha. Hersh continuou bancado sua versão.

“O dia em que não perseguir uma história é o dia em que estou morto”, afirma Seymour M. Hersh, pesquisando no filme sobre o morticínio de civis em Gaza por tropas israelenses de Benjamin Netanyahu. Idiossincrático, solitário, controverso, o repórter em “Cover-Up” reafirma-se vivíssimo.


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