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10/03/2025
O Trauma de “Cleópatra“ Segundo Mankiewicz
Por Amir Labaki

Nem mesmo a pandemia me tornou um grande ouvinte de podcasts de cinema. Cheguei tarde, assim, a “The Plot Thickens” (o enredo se complica, em tradução livre), produzido pelo canal por assinatura americano especializado em cinema clássico, TCM (Turner Classic Movies). É um podcast documental, este sucessor do documentário radiofônico, apresentado pelo principal crítico da TCM, Ben Mankiewicz, desconhecido no Brasil dada a (infelizmente) radical diferença de programação entre a emissora nos EUA e aqui.

O sobrenome recomenda. Ben teve por tio-avô, que conheceu pouco, um dos maiores cineastas da Hollywood dos anos dourados: Joseph L. Mankiewicz (1909-1993), quatro vezes premiado com o Oscar, duas das quais como diretor e roteirista de “A Malvada” (1951). Trivia: pouco acessível nas últimas décadas de vida, precocemente aposentado, tive o privilégio de assistir a umas das raras entrevistas públicas de Joe, quando homenageado por uma retrospectiva da Mostra Internacional de Cinema de Veneza em 1987. Articulado, tímido e introspectivo, parecia mais um professor universitário do que um dos grandes realizadores da Hollywood clássica.

Devo a uma nota em mídia social (o ex-Twitter, atual X) a descoberta de “The Plot Thickens”, que iniciava em julho passado sua sexta temporada, dedicada aos bastidores babélicos da conturbada produção de “Cleópatra” (1963), o mais caro dos épicos americanos dos anos 1950 e 60. Mais caro, mais caótico como produção, mas não, como corre a lenda, o maior fracasso: foi a maior bilheteria do ano nos EUA e acabou dando lucro para a alquebrada 20th Century Fox, que nele investira o recorde da época, US$ 44 milhões (algo como US$ 450 milhões atuais).

A série sobre “Cleópatra” sucedeu temporadas enfocando, anualmente a partir de 2020, a carreira do diretor e crítico Peter Bogdanovich (1939-2022); a desastrosa adaptação do best-seller “A Fogueira das Vaidades” (The Bonfire of the Vanities, 1987 o livro, 1990, o filme), de Tom Wolfe, por Brian De Palma; a trajetória de Lucille Ball (1911-1989) antes, durante e depois do megaestrelato com a sitcom “I Love Lucy” (1951-1957); a vida e a carreira de uma das primeiras estrelas negras, Pam Grier, a principal protagonista do que ficou conhecido como “blaxplotation” em filmes como “Foxy Brown” (1974) e Quentin Tarantino apresentou para novas gerações em “Jackie Brown” (1997); e uma enciclopédica revisão de ninguém menos do que John Ford (1894-1973), com um antológico episódio (o quarto,“The Search”, a busca) pesquisando o destino de suas filmagens, jamais tornadas públicas como filme completo, durante o Dia-D em 6 de junho de 1944, o desembarque das tropas aliadas nas praias da Normandia, na França ocupada pelos nazistas. (São em inglês, mas as transcrições completas ajudam os não fluentes).

A história rocambolesca e em tudo excessiva da realização de “Cleópatra”, onde se iniciou um dos mais célebres romances do século 20, entre dois de seus protagonistas, Elizabeth Taylor (1932-2011) e Richard Burton (1925-1984), sendo o terceiro Rex Harrison (1908-1990), já foi deveras contada, sobretudo em livros específicos e biografias dos protagonistas. O diferencial do podcast é o acesso obtido por Ben aos quatro volumes dos diários inéditos de Joseph L. Mankiewicz do período das filmagens.

Não era ele o diretor originalmente escalado para o filme, e sim Rouben Mamoulian (1897-1987), convidado pelo presidente do estúdio, Spyros Skouras, e não pelo produtor que concebera o projeto, Walter Wanger. Com sólido currículo, mas já semi-aposentado dos sets, Mamoulian chegou a rodar algumas cenas em fins do segundo semestre de 1960, com a produção ainda concentrada não em Roma ou no Egito, como o diretor almejara, mas nos estúdios Pinewood em Londres, antes de se demitir, diante das dificuldades com a produção, o descontentamento com o roteiro e os problemas, de saúde que atrasavam o início dos trabalhos de Liz. Era ela a maior estrela da época, à frente mesmo de Marilyn Monroe, e fora contratada pela soma inédita de US$ 1 milhão, um terço do orçamento original de Wanger para a produção.

Para alegria da atriz, a Fox convidou Mankiewicz, que acabara de dirigi-la em “De Repente, No Último Verão” (1959), pelo qual ela conquistara uma nova indicação ao Oscar. O cineasta não tinha nenhuma experiência prévia com épicos, mas o estúdio apostava no talento dele também como roteirista para arrumar o problemático roteiro. Ele topou, jogou fora o texto que recebera e escreveu um novo, inspirado sobretudo nas clássicas peças sobre os personagens centrais (Cleópatra, Júlio César e Marco Antônio) de William Shakespeare e Bernard Shaw. Seriam dois filmes de três horas, dedicados separadamente às relações da rainha do Egito com cada um dos líderes romanos. Ao fim, para sua decepção final, a Fox concentrou tudo num único filme de quatro horas.

Num dos poucos comentários públicos em vida sobre a experiência traumática de “Cleópatra”, Mankiewicz metralhou que o filme fora “concebido em estado de emergência, filmado em confusão e concluído em pânico cego”. Nada cito dos diários para preservar-lhe o prazer das descobertas no podcast, mas lá estão, por exemplo, a atuação como psicoterapeuta amador dos protagonistas e a agonia física frente a necessidade de escrever de noite e filmar de dia e as rodagens interrompidas e estendidas (afinal, realizadas na Cinecittá, em Roma, por 272 dias, quando na origem do projeto estavam previstas apenas 64 diárias).

Revisto hoje, “Cleópatra” é muito melhor do que sua fama, com a densidade psicológica e o brilho dos diálogos característicos de Mankiewicz e raríssimos nos épicos hollywoodianos. Enquanto eram perseguidos pelos primeiros paparazzi fora dos estúdios, com a ruptura de seus casamentos para iniciar o que seria uma longa e conturbada história amorosa, Liz e Burton entregavam duas das melhores atuações de suas carreiras -e Harrison, como Júlio César, está como sempre impecável.

A saga dos desregrados bastidores, contudo, eclipsou o filme. Dos vinte que Joseph L. Mankiewicz dirigiu, conta sua filha Alex, é o único cujo pôster ele jamais pendurou em seu retiro final. Escute e entenda. 


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