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08/22/2025
Gustavo Dahl, Bravo Guerreiro

Por Amir Labaki

Raríssima personalidade de crítico de cinema, cineasta e gestor cultural, Gustavo Dahl (1938-2011) adorava, como Kenneth Tynan, iniciar seus textos com primeiras linhas de impacto, a mesma exigência distinguindo a sequência de sua escrita. Precoce na publicação jornalística, com menos de 20 anos colaborador da coluna cinematográfica do Suplemento Literário de “O Estado de S. Paulo”, naqueles jovens tempos já acalantava para seus escritos uma “vocação de livro”, concretizada apenas agora com organização de Tania Leite e Alberto Flaksman. 

“Cinema brasileiro: eu e ele – Artigos, Cartas, Discursos, Ensaios, Entrevistas, Propostas” (Alameda Editorial, 404 pags, RS 119) reúne 41 documentos de um universo de 250 inventariados da “produção intelectual de Dahl”, detalha a apresentação de Leite. A variedade das reflexões e intervenções bem resume a trajetória de seu pensamento tornado ação. Por mais de meio século, como poucos Dahl pensou, escreveu, viu e fez filmes, e trabalhou diretamente para o desenvolvimento de uma política de Estado em favor do cinema brasileiro -e, se saímos do quase deserto, é porque, não sozinho, mas muitas vezes à frente, venceu.

Para compreender-se a dimensão do triunfo (relativíssimo, reconheça-se) batalhado por sua geração, “Cinema brasileiro: eu e ele” representa volume essencial em qualquer biblioteca. Se a seleção final não é de Dahl, dela participou numa primeira etapa, ao lado de Manoel Rangel, seu sucessor como diretor-presidente da Ancine, do qual foi mentor e primeiro titular (2001-2007).

A vontade torna-se livro incontornável para acompanhar a saga do grupo do cinema novo segundo a própria palavra. A estante aos poucos se povoa, por iniciativas deles mesmos ou de estudiosos. De Glauber Rocha, eis os próprios livros, a seleção de cartas, até de poemas. Paulo César Saraceni, Cacá Diegues e Zelito Viana publicaram memórias. De David Neves, não tardou uma antologia póstuma de artigos e ensaios. Arnaldo Jabor e Ruy Guerra compilaram crônicas e, montador na juventude de clássicos do movimento, Eduardo Escorel discorreu sobre a experiência em alguns dos ensaios reunidos num primeiro volume. Seleções de entrevistas, curiosa e infelizmente, ainda são escassas, com exceções pontuais e esgotadas.

Nascido na Argentina, Gustavo Dahl mudou-se com a família em 1947 para São Paulo, onde se formou. Ainda estudante, em meados dos anos 1950, “a revelação do cinema” veio “pelo olhar de Rubens Biáfora”, crítico de “O Estado de S. Paulo” (“uma visão autóctone, autossuficiente, libertária, que inventava suas próprias referências. De baixo para cima”) e cineasta bissexto (Ravina, 1958).

Paulo Emílio Sales Gomes sucedeu-se como mentor cinematográfico, valendo a Dahl uma experiência inicial em instituições na Cinemateca Brasileira, entre 1958 e 1960. Nesta época, outro encontro fundamental: Glauber. A partir do segundo semestre de 1960, por dois anos, como fizera Saraceni, Dahl cursou o Centro Experimental de Cinema em Roma (“conservador”, “especializado em neorrealismo’, “a gente era mais moderno”) e cruzava a Europa acompanhando em festivais os primeiros filmes do nascente cinema novo. 

Na sequência, em Paris, fez o curso de documentário etnográfico de Jean Rouch, na aurora do “cinema verité”. No início de 1964, retornava ao Brasil. No coração do cinema novo, foi dos pioneiros a sacar-lhe uma das fragilidades: a ênfase na produção, o histórico e estrutural gargalo da distribuição.

Com tanto amor pelo cinema e real talento para a escrita, Dahl se aposentou cedo demais da crítica e realizou apenas três longas-metragens, o drama político “O Bravo Guerreiro” (1968), “Uirá, Um Índio À Procura de Deus” (1973) a partir de Darcy Ribeiro, e o thriller político “Tensão no Rio” (1982), e alguns curtas documentais (uma filmografia desfalca o volume). A partir de meados dos anos 1970, seu foco se transferiu para a gestão das instituições públicas empenhadas no desenvolvimento cinematográfico, sobretudo em cargos de direção na Embrafilme (até 1979) e como criador e diretor-presidente da Ancine.

A antologia organizada por Tania Leite e Alberto Flaksman, que com ele trabalharam de perto, estrutura seus escritos seguindo cronologicamente esta trajetória em três partes. A voz da Dahl ilumina a conjuntura de seus escritos a partir de textos e entrevistas de pegada pessoal, cartas e entrevistas nos dois primeiros módulos, discursos públicos no terceiro. É um sensível comentarista de filmes e um impressionante conceituador de políticas para o cinema e o audiovisual.

“O Bravo Guerreiro”, seu filme de estreia contemporâneo de “O Desafio, de Saraceni, e “Terra em Transe”, de Glauber, na tríade sobre o impacto trágico do golpe de 1964 sobre a intelectualidade de esquerda, tem por epígrafe uma citação de Nietzsche: “Eu amo o que quer criar algo melhor que si mesmo e dessa arte sucumbe”. A um só tempo me perturba e me enternece pensar se Gustavo Dahl a recuperaria também na abertura de seu sonhado livro.



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