Ministry of Culture and Itaú present
PORTUGUÊS   //   ENGLISH

E-mail successfully sent.
Please complete your register.

*Name
City
State
Country
Category
  • INTRODUCTION
    • » It‘s All True
    • » Amir Labaki
    • » Acknowledgements
  • CO-ORDINATION
    • » Itaú Cultural
    • » Sesc São Paulo
    • » Spcine
    • » Ministry of Culture
  • SCHEDULE
    • » Program
  • AWARDS
    • » Jury 2025
    • » Official Awards
  • GALLERY
    • » Photos
    • » Videos
  • LATEST NEWS
  • SUPPORT
  • PRESS
    • » Releases
    • » Clipping
  • TEAM
    • » Team
  • PAST EDITIONS
  • FESTIVAL'S CALENDAR
    • » Festivals Calendar
  • CONTACT
» newsletter
Sign up here to receive our newsletter
send »
» search movies
2012/13/14/15
16/17/18/19/20
21/22/23/24/25
 
» Home /
Latest News /
weekly column at valor econômico
03/01/2024
A Terceira Vida de Navalny
Por Amir Labaki

Em 12 de fevereiro passado completou-se meio século da expulsão e deportação da já então agônica URSS do escritor e prêmio Nobel Aleksandr Soljenítsin (1918-2008), o mais célebre dos dissidentes do regime autoritário soviético e autor da descrição definitiva de seus campos de detenção e trabalho, “Arquipélago Gulag” (1973). Quatro dias depois, num cárcere no círculo polar ártico, nada distinto de alguns descritos em “Gulag”, foi anunciada a morte, sem causas reveladas, de Alexei Navalny (1976-2024) o mais popular opositor do autocrata russo Vladimir Putin.

O trauma foi planetário, mas seria inexato dizer que houve surpresa, dada a tradição contemporânea de silenciamento fatal das lideranças anti-Putin, como a jornalista Anna Politkovskaia (1958-2006) e o político Boris Nemtsov (1958-2016). O trágico destino de Navalny cumpriu assim outra crônica de uma morte anunciada, como se prenunciava na sequência de abertura do retrato documental por ele protagonizado para o cineasta Daniel Rohrer, lançado no Brasil pelo É Tudo Verdade de 2022 e vencedor do Oscar de documentário de longa-metragem no ano passado.

Roher abre o filme, disponível no MAX (ex-HBO), perguntando: “Se você for morto, se isso acabar acontecendo, que mensagem vai deixar para o povo russo”? “Me poupe, Daniel”, responde Navalny. “Não. Nem pensar. Parece que está fazendo um filme caso eu morra. De novo, estou pronto para responder à sua pergunta, mas, por favor, faça um filme diferente. Filme número 2. Vamos fazer um thriller (e não “trailer”, como traduz erroneamente a legenda - AL) desse filme e, se eu for morto, vamos fazer um filme chato in memorian”.

E como thriller “Navalny” chegou originalmente às telas. Eis o início da militância crítica dele ao regime de Putin, suas denúncias de corrupção contra sua cleptocracia, as primeiras prisões, a tentativa de assassinato por envenenamento durante um voo em 2020, sua lenta e dolorosa recuperação na Alemanha, o desmascaramento dos agentes russos responsáveis pelo atentado, e seu retorno à Rússia em janeiro de 2021, para a inevitável detenção, ainda no aeroporto, que tragicamente se confirmaria final -e fatal.

Durante a sucessão de endereços prisionais a que foi submetido durante seus dois últimos anos, constantemente em regime de solitária, Navalny desafiou o impacto da progressiva deterioração de sua saúde com o contrabando de mensagens reflexivas e bem-humoradas postadas on-line, em geral em sua conta no X (o antigo Twitter). A leitura foi seu derradeiro oásis de sanidade. Inicialmente, foi limitado aos clássicos russos: Dostoiévski, Tchekhov, Tolstói. Numa correspondência do cárcere, provocou: “Quem poderia ter me dito que Tchékov é o mais depressivo escritor russo”?

Aos poucos, Navalny conseguiu expandir seu cardápio literário, mergulhando principalmente em biografias e memórias políticas. Foi a leitura do “great, fantastic book” “Believer: My Forty Years in Politics” (Penguin Books, 2015, inédito por aqui), de David Axelrod, comentarista político da CNN e ex-estrategista eleitoral e depois conselheiro sênior de Barack Obama na Casa Branca, que lhe despertou a curiosidade por uma personalidade histórica: Robert Fitzgerald Kennedy (1925-1968).

Numa carta revelada apenas postumamente à sétima filha de Bobby, a advogada Kerry Kennedy, Navalny descreveu sua tardia descoberta e admiração pelo ex-procurador geral da Presidência do irmão JFK (1917-1963). RFK acabava de firmar-se como virtual candidato do Partido Democrata à sucessão de Lyndon B. Johnson (1908-1973) quando foi assassinado em junho de 1968 em Los Angeles.

“Infelizmente, na Rússia sabemos muito pouco sobre ele”, contou Navalny. O fascínio descrito por Axelrod ao testemunhar, “aos 5 ou 6 (anos)”, um apoteótico comício novaiorquino da candidatura presidencial de Bobby, convenceu o dissidente russo que “deveria saber mais”. Um amigo lhe indicou a leitura da biografia “Bobby Kennedy: The Making of A Liberal Icon” (Randon House, 2015, também inédito aqui), de Larry Tye.

“Do meu ponto de vista o livro é fantástico (...) Honestamente, chorei duas ou três vezes durante a leitura! (Mas por favor não conte a ninguém)”, confessou Navalny. “O que é mais importante, a história de seu pai revelou para mim a chave para entender duas coisas: os problemas raciais e as lutas pelos direitos civis nos anos 1960 e o que está acontecendo na América agora. (...) Tudo está enraizados nos anos 60”.

É especialmente revelador o único senão dele quanto ao livro: “Acho, contudo, a linha principal – sobre a evolução de RFK da Comissão (Joseph) McCarthy a campeão dos direitos civis- um pouco rebuscada”. O ponto cego da leitura de Navalny evita-lhe reconhecer uma das características comuns entre sua trajetória e a de Bobby: ambos se vincularam inicialmente à direita do espectro político antes de marcantes conversões para posições progressistas.

Um nos EUA dilacerados pela guerra do Vietnã e por batalhas antirracistas, o outro na Rússia autoritária e militarizada de Putin, ambos portavam o rosto da esperança quando brutalmente foram eliminados de cena. Para compreender o paralelo, recomendo complementar uma sessão de “Navalny” com a série documental “Bobby Kennedy Para Presidente” (Netflix, 2018), de Dawn Porter.

Fechando um trágico círculo, uma das releituras do líder russo na prisão foi “Um Dia na Vida de Ivan Deníssovitch” (1962), a pioneira novela de Soljenítsin sobre o cotidiano que padeceu nos campos repressivos soviéticos. Tomara não demore demais novo degelo russo para abrandar o luto com a leitura da verdadeira história do último dia do bravo Alexei Navalny.

Share
« Back
» sponsorship
» partnership
» cultural supporters
» co-ordination
  • INTRODUCTION
    • - It‘s All True
    • - Amir Labaki
    • - Acknowledgements
  • GALLERY
    • - Photos
    • - Videos
  • TEAM
    • - Team
  • REALIZATION
    • - Itaú Cultural
    • - Sesc São Paulo
    • - Spcine
    • - Ministry of Culture
  • SCHEDULE
    • - Program
  • PRESS
    • - Press Contact
    • - Releases
  • LATEST NEWS
  • AWARDS
    • - Jury 2025
    • - Official Awards
  • FESTIVAL'S CALENDAR
    • - Festivals Calendar
  • CONTACT
  • SUPPORT
  • LATEST NEWS
Rua General Jardim, 770 - cj. 8A - 01223-011 - São Paulo - SP / Tel. 11 3064.7485