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09/11/2020
Welles por Toda Parte
Por Amir Labaki

Trinta e cinco anos após sua morte, a serem completados em 10 de outubropróximo, Orson Welles (1915-1985) está em toda parte. Ei-lo em novos documentários, na tardia tradução brasileira de uma coletânea de contos que o ostenta como personagem (“As Histórias de Pat Hobby”, de Scott Fitzgerald, Todavia), num clássico restaurado em DVD (“O Terceiro Homem”, 1949, de Carol Reed, lançado pela Versátil), e até inspirando um rapper.Começando pelo mais próximo, uma nova abordagem sobre a atribulada jornada brasileira de Welles em 1942, para rodar o documentário inacabado “It’s All True” (É Tudo Verdade), está entre os concorrentes da 9ª Mostra Ecofalante de Cinema, que pode ser conferida on-line até dia 20. Em “A Jangada de Welles”, Firmino Holanda e Petrus Cariry lançam novas luzes sobre a passagem dele pelo Ceará para reconstituir a saga do quarteto de jangadeiros que, em 1941, por mais de dois meses enfrentou o oceano numa viagem até o Rio para exigir melhores condições de trabalho ao já ditador Getúlio Vargas (1882-1954).

Em questões de memória e contexto se encontram os grandes achados de Holanda e Cariry. É emocionante assistir aos depoimentos de L. G. Miranda, Otacília Verçosa e Blanchard Girão, entre outros, testemunhando os passos do “muito alto”, “muito branco” e “muito educado” Welles pelas ruas de Fortaleza e pelas areias da praia de Mucuripe. De particular interesse é ainda compreender quão vulnerável profissionalmente era o cotidiano daqueles pescadores em jangadas -e como a especulação imobiliária os expulsou de Mucuripe, ainda antes que, no início dos anos 1990, estreasse no Ceará a versão póstuma de “It’s All True” organizada por Richard Wilson, Myron Meisel e Bill Krohn.

Por sua vez, a 77ª edição da Mostra Internacional da Arte Cinematográfica de Veneza, o primeiro dos maiores eventos do calendário internacional a viabilizar sessões presenciais, apresentou nesta semana, para um público sobretudo local e europeu (dadas as restrições de viagens ditadas pela pandemia), a estreia de “Hopper/Welles”. A assinatura é do diretor de “Cidadão Kane” (1941) e as imagens, de seu fiel diretor de fotografia, Gary Graver (1938-2006), mas os responsáveis pela formatação da descoberta são principalmente o produtor polonês Filip Jan Rymsza e o montador americano Bob Murawski.

Ao colaborarem na finalização de “O Outro Lado do Vento” (2018), a radical radiografia da Hollywood do começo dos anos 1970 que Welles deixou inacabada, Rymsza e Murawski toparam com o material bruto de uma conversa filmada em 1970 entre ele e o ator e diretor Dennis Hopper (1936-2010). Era o encontro de dois cineastas que, com um quarto de século e uma guerra mundial de distância, abalaram a indústria americana de cinema pela independência de suas revolucionárias estreias como diretores: Welles com “Cidadão Kane”, um ensaio dramático sobre o poder nos EUA, Hopper com “Sem Destino” (1969), um lisérgico mergulho na América hippie.

Não surpreende a curiosidade recíproca, a começar do fato de terem ambos escrito, interpretado e dirigido seus retumbantes batismos atrás das câmeras. Welles escalou Hopper para uma breve ponta na festa hollywoodiana em torno do qual gravita “O Outro Lado do Vento” e aproveitou a oportunidade para registrar um longo papo, sintetizado agora num documentário de 130 minutos. Impossibilitado como tantos de conferi-lo no Lido veneziano, apenas reporto alguns dos temas adiantados como centrais a “Hopper/Welles”: o papel do diretor de cinema, entre deus e mágico; a violência nos EUA tumultuados pelos protestos contra a Guerra do Vietnã; a liberação sexual e a honestidade política no país então presidido por ninguém menos que Richard Nixon (1913-1994).

Nestes dias em que Donald Trump, buscando a reeleição em novembro, emula como farsa a bandeira eleitoral de Nixon como candidato “da lei e da ordem”, Welles certamente estaria radiante com a adaptação de um de seus discursos políticos radiofônicos pelo rapper Logic na faixa “Obediently Yours”, lançada há pouco mais de um mês encerrando o álbum “No Pressure”. Logic sampleia e comenta por instrumentos uma contundente fala de Welles, proferida em agosto em 1946 mas que parece escrita hoje, sob o signo do movimento Black Lives Matter e dos atuais protestos contra a violência policial que prossegue vitimando regularmente afro-americanos.

“Ódio racial não é da natureza humana, ódio racial é o abandono da natureza humana”, clama Welles, reagindo ao espancamento levado a cabo por um policial branco que cegou o afro-americano Isaac Woodward Jr. (1919-1992), um veterano da Segunda Guerra. “Onde o racismo é aceitável, há corrupção”, prossegue o diretor da primeira montagem de “Macbeth” com um elenco exclusivamente afro-americano, nos idos de 1935. “Os odiadores raciais precisam ser detidos. Os linchamentos devem ser abolidos. Os assassinatos devem ser vingados”.
Orson Welles, quem diria, nunca foi mais pop.
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