Nosso filme da semana é “O Cinema Foi À Feira”, de Paulo Hermida.
Nas origens da explosão do Cinema Novo nos anos 1960, encontra-se o ciclo baiano de cinema que eclodiu cerca de meia década antes. É o berço de Glauber Rocha, claro, mas antes dele houve Roberto Pires, diretor do primeiro longa-metragem baiano, “Redenção”, de 1958, entre outros.
Morto precocemente em 2001, Pires teve sua trajetória recuperada em 2008 pelo documentário “O Artesão dos Sonhos”, co-dirigido por seu filho Petrus Pires e por Paulo Hermida. A dupla se reúne novamente para “O Cinema Foi à Feira”, com Paulo na direção solo e a parceria de Petrus no roteiro e produção de Petrus. Trata-se agora de reconstituir os bastidores do segundo e mais célebre filme de Roberto Pires, “A Grande Feira”, de 1961.
“A Grande Feira” cruza personagens burgueses e populares de Salvador tendo por pano de fundo a ameaça real de transferência da Feira de Água de Meninos. A “tragédia anunciada” seria consumada alguns anos após a produção, como conta um dos protagonistas, o então jovem Antonio Sampaio, celebrizado como Antonio Pitanga.
Pitanga contracenou então com uma série de intérpretes que fizeram história no cinema brasileiro a partir de suas primeiras experiências fílmicas na Bahia, como Helena Ignez, Geraldo D’El Rey e Luiza Maranhão. O documentário relembra como dividiram cenas com intérpretes amadores, gente da própria produção, como o diretor Roberto Pires, e personalidades célebres da cultura popular de Salvador, como Cuíca de Santo Amaro e o cantor Riachão.
Além dos bastidores específicos da produção, o documentário de Petrus e Paulo situa, de um lado, a modernidade de “A Grande Feira” no contexto de então do cinema brasileiro. Por outro, insere o ciclo baiano no autêntico Renascimento cultural da Salvador dos anos 50 e 60, catalisado pela presença de Edgard Santos à frente da Universidade da Bahia. Nada mais justo que este resgate –e mais urgente, como comprova a relação de importantes depoentes falecidos desde a preparação deste belo filme.
Todas as segundas-feiras às 22h, com reapresentação às 13h30 das quartas-feiras e às 18h dos domingos.
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Curadoria, Apresentação e Direção Geral: Amir Labaki
Produção Executiva: Mônica Guimarães
Assistentes de produção: Ana Paula Almeida e Tetê Andriolli
Fotografia: Erick Mammoccio
Técnico de Som: Leandro Alves
Edição: Beatriz Domingos
Direção: Kiko Mollica
Gravado no Reserva Cultural
Realização: É Tudo Verdade e Canal Brasil