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07/03/2015
Quando Fotos Falam

Por Amir Labaki

 

Circulando desde o final do ano passado por mostras e sessões especiais pelo país, o documentário “Retratos de Identificação” de Anita Leandro ganha merecido destaque fora do Brasil com a projeção a partir de amanhã, dia 4, dentro da competição do Festival Internacional de Cinema de Marselha, no sul da França. Produzido pelo projeto Marcas da Memória da Comissão da Anistia do Ministérionda Justiça e pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, é um dos mais rigorosos mergulhos na crônica da violação de direitos humanos pela ditadura militar instaurada em 1964.


“Retratos de Identificação” trata de personagens e episódios que estiveram em pauta em outro documentário recente, “Setenta” de Emília Silveira. “Setenta” reconstituía a trajetória de cerca de duas dezenas dos setenta presos políticos libertados pelo regime militar em janeiro de 1971, em troca do embaixador suiço Giovanni Enrico Bucher, que fora sequestrado no Rio cerca de um mês antes pela VPR (Vanguarda Popular Revolucionária).


Anita, por sua vez, fecha o foco em quatro militantes da luta armada, Antônio Roberto Espinosa, Chael Charles Schreier, Maria Auxiliadora Lara Barcellos e Reinaldo Guarany Simões, os dois últimos presentes no voo que levou os setenta ao exílio inicial no Chile de Allende. Militantes da VAR-Palmares, Espinosa, Chael e Dora haviam sido presos no mesmo “aparelho” no bairro carioca de Botafogo em novembro de 1969. Reinaldo, da ALN, fora capturado no segundo semestre do ano seguinte.


Dora, frise-se, é a verdadeira protagonista. Tanto é assim que o filme cobre exatamente a curva temporal de seus últimos anos, da queda no inferno da tortura a seu suicídio aos 31 anos, em Berlim, em junho de 1976. 


Espinosa foi seu amor nos tempos de guerrilha. Reinaldo, seu último companheiro, da itinerância forçada no exílio até o período final de “heimatlos” (apátridas) na então Alemanha Ocidental. O convívio com Chael foi mais breve -e de fim brutalmente trágico. 


O trio foi torturado na mesma unidade militar no Rio, por vezes em sessões conjuntas de sádica crueldade. Na sequência de uma delas, Chael foi morto. O relatório oficial de sua autópsia mentia para eliminar referências a sua real “causa mortis”.


Exibido e lido parcialmente durante o filme, este auto fajuto de necropsia é um dos documentos escritos sobre o qual se funda “Retratos de Identificação”. Mas, como indica o título, o alicerce essencial é formado sobretudo por fotografias oficiais tiradas pelos orgãos de repressão.


No recurso a este dispositivo de trabalhar sobre imagens e outros documentos produzidos pela ditadura, contextualizando-as a partir de depoimentos dos próprios retratados, não raramente as vendo pela primeira vez, Anita Leandro remete inevitavelmente ao poderoso “48” (2009), em que a cineasta portuguesa Susana Sousa Dias utilizou o mesmo método para reconstituir a truculência da PIBE, a polícia politica do autoritarismo salazarista. Distingue-se Anita por fazer ouvir uma voz também de além-túmulo, a partir de entrevistas com Dora presentes nos documentários “Brazil: A Report on Torture” (1971) de Saul Landau e Haskell Wexler e “Não é Hora de Chorar” (1971) de Pedro Chaskel e Luiz Alberto Sanz.


A narrativa dos quatro dramas pessoais desenvolve-se assim a partir da articulação entre o depoimento de arquivo de Dora e as falas atuais de Espinosa e Reinaldo para a câmera de Anita, com o todo somando-se para, numa dupla via epistemológica, tanto iluminar quanto ser iluminado pela documentação do inimigo. Os registros da ditadura, em favor da ditadura, têm desta forma seus sentidos invertidos, tornando-se registros contra ela própria.


Nem por isso Anita Leandro permite a contaminação de sua abordagem pelos signos de barbárie inscrustados naquele material. Seu tratamento é sóbrio e ético, do enquadramento recatado das fotos ao respeito aos ritmos de cada depoimento, passando pela sutileza do tratamento sonoro. Há dor de mais a expiar para ceder à fácil distração da revanche.



 

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