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14/11/2025
The New Yorker aos 100

Por Amir Labaki

Quando o casal de jornalistas Harold Ross (1892-1951) e Jane Grant (1892-1971) fundou, em fevereiro de 1925, sua “revista de humor” centrada em cobrir o cotidiano metropolitano de Nova York, certamente não poderia prever que ela completaria cem anos como uma instituição editorial de impacto planetário, numa era de esgotamento industrial do formato. Tampouco que a efeméride contasse, entre os eventos de celebração, com um filme dedicado à sua história e ao cotidiano de sua produção.

Lançado em agosto passado no Festival de Cinema de Telluride, e exibido no festival anual da própria revista no mês passado, “The New Yorker at 100”, de Marshall Curry (Briga de Rua, 2005, É Tudo Verdade 2006), expande para um público global as comemorações ao estrear na Netflix em 5 de dezembro próximo. Ser uma produção oficial a ancora por definição a certos limites, mas saudáveis pitadas de autocrítica elevam-na alguns degraus acima da tradição amorfa do gênero.

Curry estrutura seu documentário em torno de quatro eixos: uma radiografia do processo editorial da revista durante os seis meses de preparação do número comemorativo do centenário; uma história de alguns de seus marcos, com imagens de arquivo e um texto lido por Julianne Moore; breves perfis com depoimentos de jornalistas e colaboradores sobre como chegaram à revista e suas dinâmicas no trabalho; e entrevistas com leitores célebres, como o ator Jon Hamm, a atriz e produtora Sarah Jessica Parker e o diretor, ator e colaborador eventual da revista Jesse Eisenberg. Clipes de produções audiovisuais populares, como as séries “Seinfeld”, “Sex and the City”, frisam como The New Yorker é também pop -elitista, mas pop.

Se há um protagonista, de um carisma algo tímido, é seu atual e apenas quinto editor, David Remnick. Consagrado pela cobertura para o The Washington Post do ocaso da União Soviética, Remnick chegou à revista no início dos anos 1990, durante a conturbada e renovadora direção editorial da britânica Tina Brown, a sucedendo em 1998. Além de uma breve entrevista doméstica sobre sua formação e rotina, Remnick é acompanhado no trabalho de coordenação da edição do centenário, da discussão de pautas e artes (com ênfase na capa e nos tradicionais cartuns) ao fechamento com a aprovação do “boneco” impresso já obsessivamente revisado.

O ponto forte do documentário de Curry é a rara janela para o processo de criação de The New Yorker. A instituição jornalística se humaniza aos nos aproximarmos, ainda que a cada vez por poucos minutos, dos rostos, corpos e vozes por trás dos textos, cartuns e decisões editoriais, em plena atividade profissional. 


Eis Jon Lee Anderson investigando em Damasco, Síria, dias depois da queda do ditador Bashar al-Assad. Eis Roz Chast desenhando à mão um dos cartuns dentre a dezena de ideias rascunhadas por semana. Eis Hilton Als lembrando do impacto de descoberta da revista, seu deslumbramento com a beleza -para alguns elusiva- da cidade e o inesperado como uma das qualidades que o interessam como crítico de arte. 


Eis ainda Richard Brody anotando freneticamente durante uma sessão de cinema, da qual sai evitando qualquer conversa para escrever na redação. A editora de ficção, Deborah Freisman, revelando que recebe anualmente entre 8 e 10 mil estórias originais, enviadas por agentes, editoras e autores, com apenas 50 chegando às páginas da revista. E a editora de arte, Françoise Mouly, apresentando a Remnick sua ousada proposta de múltiplas segundas capas para a edição especial, sem romper com a tradição de estampar na capa a icônica (com o perdão da desgastada palavra) personagem de Eustace Tilley - o dandy que observa uma borboleta, criado para o número inaugural por Rea Irvin para nunca mais deixar a revista.


Divididas por décadas desde os anos 1920 até os 80, as vinhetas históricas destacam os marcos editoriais com pontuais contextualizações de cada época. O resultado é didático, algo superficial e não isento de flagrantes injustiças. Destaca-se de saída a liderança pelo primeiro quarto de século de Ross, um dos membros da sofisticada mesa redonda do Algonquim, ao lado de colegas como Alexandre Woollcott, Dorothy Parker e Robert Benchley.


Mas as sólidas bases para o prestígio editorial e jornalístico foram fincadas pelo longevo braço direito e sucessor de Ross, William Shawn (1907-1992). Culto e meticuloso, tão discreto quanto ousado, Shawn dedicou 53 anos à revista e esteve à frente dela entre 1952 e 1987. Com ajustes, como a publicação de fotos iniciada nos anos Tina Brown, devemos a ele a The New Yorker que até hoje admiramos.

Como destaca o filme, ainda como editor assistente, foi William Shawn que bancou o primeiro e talvez maior marco jornalístico da revista, com um número inteiro dedicado, em 1946, à reportagem desbravadora de John Hershey dos efeitos da bomba atômica sobre Hiroshima. Rompendo com o histórico descaso com autores afro-americanos, Shawn convidou o jovem James Baldwin a colaborar, marcando época em 1962 com o autobiográfico “Letter from a Region of My Mind” (carta de uma parte de minha mente). Três anos depois, era a vez da consagração de Truman Capote e “A Sangue Frio”, seu “romance não-ficcional”, publicado em quatro partes. 

Num precioso registro para o filme, a revisão de Shawn do manuscrito já punha em xeque, a partir de um diálogo, o método de Capote. “Como saber? Nenhuma testemunha. Problema geral”, escreve o editor na margem do texto. Mais tarde, com a confirmação das liberdades literárias tomadas por Capote, Shawn se arrependeria da publicação.


O documentário destaca ainda a pioneira denúncia dos efeitos nefastos dos pesticidas por Rachel Carson na série tornada livro “Silent Spring” (Primavera Silenciosa), de 1962, uma das investigações clássicas na origem do movimento ecologista. Nenhuma referência, contudo, celebra a cobertura por Hannah Arendt do julgamento do nazista Adolf Eichmann, publicado em cinco edições em 1963 e reunido no livro “Eichmann em Jerusalém”.

“The New Yorker at 100” não minimiza o trauma da substituição de William Shawn em 1987, a partir da aquisição pelo megaempresário de mídia S. I. Newhouse, e o curto reinado, por menos de meia década, de Robert Gottlieb, roubado da direção da prestigiosa editora Knopf. Tina Brown o sucedeu, com estrondo e polêmica – e impacto mais na forma do que no conteúdo. “A revista precisava desesperadamente mudar”, a defende Remnick no filme.

Além de Arendt, o que mais de fundamental ficou de fora? Waaal, escreveria o fiel leitor Paulo Francis. Como não celebrar Lillian Ross, talvez a primeira grande mestre de perfis, com sete décadas brilhantes dedicadas à revista? A crítica de cinema Pauline Kael, uma das estrelas incontornáveis por um quarto de século, é citada apenas de passagem. Nada ou quase há tampouco do humor de James Thurber e S. J. Perelman ou de críticos como Edmund Wilson, Janet Malcolm e Kenneth Tynan.  Reconheçam-se as dificuldades para cobrir cem anos de iluminadas edições semanais, mas certas omissões falam mais do que muitas homenagens. 


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