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20/09/2024
Mastroianni aos 100
Por Amir Labaki

Comemorar o centenário de nascimento de Marcello Mastroianni (1924-1996), no próximo dia 28, é celebrar o cinema. Em mais de uma centena e meia de filmes, ele encantou as telas como um intérprete com espectro de rara amplitude, de personagens extrovertidos aos mais introspectivos, quase exclusivamente em seu italiano natal, na época de ouro desta filmografia após a revolução neorrealista, e no auge do cinema europeu de autor, passando ao largo do chamado hollywoodiano.

A efeméride pauta por aqui comemorações modestas. A primeira aconteceu em abril passado, na Cinemateca Brasileira, com uma mostra lembrando o duplo centenário de Mastroianni e de Marlon Brando (1924-2004). Em São Paulo, o cine REAG Belas Artes apresenta desde a quinta, dia 19, o ciclo Ontem, Hoje e Amanhã, exibindo sete títulos de sua mais intensa parceria, com Sophia Loren, que completa 90 anos no dia 20. Para a data do aniversário, por sua vez, o Telecine mostra em sessão dupla nada menos que suas colaborações essenciais com Federico Fellini, em “A Doce Vida” (1960) e “Oito e Meio” (1963).

Dois documentários póstumos poderiam enriquecer os festejos. Lançado logo após sua morte, “Eu Me Lembro, Sim, Eu Me Lembro” (1997), trazia o último grande depoimento registrado de Mastroianni, por sua última esposa, Anna Maria Tató, durante as filmagens de seu derradeiro longa-metragem ficcional, “Viagem ao Começo do Mundo” (1996) de Manoel de Oliveira. “Marcello – Uma Vida Doce” (2006), de Annamaria Morri e Mario Canele, traz também uma boa visão panorâmica de sua trajetória, abrangente embora mais convencional.

Foi, contudo, em livro que encontrei o mais revelador retrato de Mastroianni: “La Bella Vita”, do jornalista italiano Enzo Biagi, editado no Brasil em 1997 pela Ediouro. O subtítulo original resumia: “Marcello Mastroianni Racconta”, com suas lembranças conduzidas e complementadas com competência por Biagi.

São especialmente tocantes os trechos em que Mastroianni recorda o duro começo. “As lembranças que me voltam mais claramente são aquelas da adolescência, da juventude, da vida um pouco precária em casa, não apenas um pouco: muito precária (...) Até os 27 anos eu dormia na mesma cama da minha mãe, pois não havia outro lugar. Meu irmão, no chão. Minha mãe estendia uma toalha e um colchão. Meu pai dormia no corredor. Pobrezinho, ele era um pouco violento e voltava muitas vezes bêbado à noite. Seguiam-se longas discussões sobre dinheiro. Mas, à época, era o quadro comum da maioria dos italianos, meus amigos viviam como nós”.

A grande oportunidade sorriu-lhe em 1948, quando fazia teatro amador com ninguém menos Giulietta Masina (1921-1994), já casada com o então promissor cartunista e roteirista Federico Fellini (1920-1993). Um colaborador de Luchino Visconti (1906-1976) buscava um jovem ator para a próxima montagem da Companhia Italiana de Prosa.

“Tratava-se de ‘Um Bonde Chamado Desejo‘, protagonizado por (Vittorio) Gassman”, conta Mastroianni. “Eu interpretava Mitch, namorado de Blanche, que era Rina Morelli”. 

“Visconti colocou-me no teatro e ensinou-me boa parte do que sei, não só a profissão, mas o gosto da profissão, como homem moderno”. Em sete anos, trabalharam juntos em nove peças, incluindo “A Morte do Caixeiro-Viajante”, de Arthur Miller, “Tio Vânia” e “Três Irmãs”, ambas de Tchekhov, que se tornaria o autor predileto de Mastroianni. Em cinema, fariam ainda “As Noites Brancas” (1957), de Dostoiévski, e “O Estrangeiro” (1967), de Camus.

Uma simultânea carreira cinematográfica se intensificou nos anos 1950, com destaque para a primeira parceria com Sophia Loren, na comédia “A Bela Moleira” (1955), de Mario Camerini, mas sem provocar-lhe o mesmo entusiasmo. Tudo mudou com o convite de Federico Fellini para viver o “flanêur” romano de “A Doce Vita” (1960). 

“Fellini me influenciou pela direção que tomou minha carreira, me oferecendo interpretar num registro mais amplo (...) Me tinham condenado ao papel do tipo simplório, aquele que faz rir correndo atrás das mulheres”.

“A Doce Vida” o revelou para o mundo -e acoplou-lhe o carimbo de “latin lover”. “É monstruoso”, metralhou. “Eu não sou um tipo de cabaré”. A resposta imediata veio em seu papel seguinte, o marido impotente de “O Belo Antônio”, de Mauro Bolognini.

Não bastou, mas Mastroianni deu de ombros, elevado a novo patamar. Rodou em sequência “A Noite” (1961), com Antonioni, “Divórcio à Italiana” (1961), com Pietro Germi, “Vida Privada” (1962), de Louis Malle, “Dois Destinos”, de Valerio Zurlini. Até o grande reencontro para aquela que considera a obra-prima maior de Fellini: “Oito e Meio”. 

“Visconti era o professor. Já Fellini era o colega de escola”, compara. “Quando os americanos e os franceses me perguntavam quem era Fellini, eu respondia: ‘o cineasta mais fácil do mundo’. Bastava observá-lo, compreender um pouco o jeito dele”.

“Eu não filmei em Hollywood”, orgulhava-se Marcello. “Recusei durante anos. Eu não falava a língua. ‘Aprenda inglês’, me dizia (o produtor) Carlo Ponti, ‘você ganhará muitos dólares’. Não ligo, eu trabalho com os melhores realizadores europeus”. 

O mais assíduo foi Ettore Scola (Um Dia Muito Especial, 1977); o mais irreverente, Marco Ferreri (A Comilança, 1973). E ainda, entre outros, os Taviani (Allonsanfàn, 1974), Liliana Cavani (A Pele, 1981), Marco Belloccio (Henrique IV, 1984), Mario Monicelli (As Duas Vidas de Mattia Pascal, 1985), Theo Angelopoulos (O Apicultor; 1986), um novo Tchekhov com Nikita Mikhalkov (Olhos Negros, 1987), Giuseppe Tornatore (Estamos Todos Bem, 1990).

“Sempre amei trabalhar, nunca tive vontade de parar. É também pelo fato de eu ter pouca riqueza espiritual. Por exemplo: não amo ir ao cinema, ao teatro, ao concerto, para não falar de museus. Ler? Sou um leitor medíocre”, reconhecia com modéstia. 

Arrependimentos? “Certamente não ter procurado aprofundar o lado cultural de minha profissão. Eu fiz o ‘métier’ como um diletante (...) Mas interpretar – ‘jouer’, como se diz em francês, sem querer parecer esnobe- significa literalmente se divertir: ser ainda a criança no jardim, sou o guarda, você o ladrão, vá até lá. É muito mais bonito”. Assim nos maravilhou Marcello Mastroianni.
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