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28/06/2024
Retorno a Frank Capra

Por Amir Labaki


Quando Hollywood era Hollywood, isto é, no auge da era dos estúdios, grosso modo dos anos 1930 aos 1960, Frank Capra (1897-1991) foi, por uma década, imediatamente no pré-Segunda Guerra, um dos cineastas mais conhecidos e reverenciados do mundo. Hoje é lembrado sobretudo por fiéis espectadores natalinos de “A Felicidade Não Se Compra” (1946), uma espécie de conto de fadas moderno sobre como um anjo revela a um suicida (James Stewart) como seria pior um mundo sem sua presença.


Na conclusão do valioso documentário “Frank Capra: Criador de Sonhos” (2023), escrito e dirigido por Matthew Wells, o crítico e historiador de cinema Sam Wasson argumenta que, nestes tempos de aguda instabilidade nos ultrapolarizados EUA sob a sombra de um possível retorno à Presidência de Donald Trump, acontece uma volta ao cinema de Capra, cívico e edificante para muitos, populista e predicador, para outros tantos. Recém-lançado para aluguel em diversas plataformas de streaming, o filme de Wells ganhou por aqui uma tradução pouco feliz de seu subtítulo. O original, “Mr. America”, define bem o foco político na análise da filmografia do diretor de “A Mulher Faz O Homem” (1939), intenção completamente perdida pelo genérico “Criador de Sonhos” da versão nacional.


O documentário reconstitui de forma cronológica a vida e a obra de Capra, sem ceder à tradicional hagiografia que infesta o gênero. Imigrante aos seis anos com os pais italianos da Sicília, teve de batalhar muito para ascender ao Olimpo hollywoodiano. Sua sorte foi entrar para o cinema ainda na aurora da edificação do sistema de estúdios, com ladeiras menos íngremes a percorrer.

Antes de debutar como diretor ainda na era silenciosa, Capra foi entre outras coisas zelador, editor de filmes amadores e assistente de direção. Em sua primeira década como cineasta, treinou a mão em quase todos os gêneros mais populares, da comédia (O Homem Forte, 1926) a filmes de ação (Submarino, 1928). O destino lhe sorriu ao se tornar, como diz Wasson, “um diretor iniciante num estúdio iniciante”, a Columbia Pictures, caindo nas graças de seu fundador e manda-chuva, Harry Cohn (1891-1958).


Num país em frangalhos pela Grande Depressão a partir da quebra da bolsa em 1929, Capra não demorou a desenvolver sua fórmula de entretenimento que espelha o “Zeitgeist”. “Acho que ‘Loura e Sedutora’ (1931, com Jean Harlow) e ‘Loucura Americana’ (1932, com Walter Huston) foram os filmes em que comecei a tratar de questões sociais”, conta o próprio diretor.


Sua consagração no topo de Hollywood veio, contudo, com uma pioneira comédia romântica sobre o encontro entre uma milionária (Claudette Colbert) e um pobretão (Clark Gable), sem grandes sinais da imensa crise social americana. Sucesso de público de gatilho lento, “Aconteceu Naquela Noite” (1934) tornou-se a primeira das raríssimas produções a conquistar os cincos Oscars principais (filme, diretor, ator, atriz, e roteiro adaptado). A Columbia se elevava, finalmente, à elite dos estúdios, com Capra como o grande mestre da casa.


Até seu afastamento para participar do esforço de guerra, Capra realizaria a tetralogia que firmou seu mito como o grande moralista entre os cineastas hollywoodianos. Talvez você conheça alguns dos títulos: “O Galante Mr. Deeds” (1936, com Gary Cooper e Jean Arthur), “Do Mundo Nada Se Leva” (1938, com James Stewart e Jean Arthur), “A Mulher Faz o Homem” (com o mesmo par), “Adorável Vagabundo” (Gary Cooper e Barbara Stanwyck).


Exibindo notável controle rítmico, sem descuidar do humor em seus filmes com “mensagem”, Capra seguiu nestas autênticas fábulas americanas a mesma receita: um homem comum enfrenta o sistema, sejam estes políticos corruptos, capitalistas inescrupulosos ou a mídia oportunista. O auge da popularidade combinava-se com o ápice do prestígio, com a primeira capa do semanário “Time” para um cineasta e mais dois Oscars de melhor diretor, por “Mr. Deeds” e “Do Mundo Nada Se Leva”.


Nada mais natural que o cineasta mais sintonizado com o pulso popular tenha sido convocado para coordenar os filmes oficiais de propaganda para convencer os americanos da inevitabilidade de engajamento dos EUA na Segunda Guerra (1939-1945) – mesmo sendo Capra um Republicano (liberal, algo que em Trumpland parece extinto) na era do Presidente Democrata Franklin D. Roosevelt. Para compreender o papel essencial de Capra na empreitada, recomendo assistir na Netflix tanto aos sete documentários resultantes, na série “Why We Fight” (1942-1945), como aos três episódios da excepcional “Five Came Back” (2017), rodada por Laurent Bouzereau a partir do livro homônimo de Mark Harris.


Nenhum dos entrevistados no documentário de Wells crava uma explicação para a decadência de Capra finda a batalha contra os fascismos. A exceção é “A Felicidade Não Se Compra”, no qual ele parece ter traduzido algo de seu desencanto frente às atrocidades testemunhadas. O diretor que se gabava do “nome acima do título” (como batizou sua autobiografia) retraiu-se para um cineasta de filmes para estrelas (Katharine Hepburn e Spencer Tracy, Bing Crosby, Frank Sinatra), até retirar-se em 1961 após “Dama Por Um Dia”.


A breve reconciliação pública a partir do lançamento em 1971 de suas memórias (boas de ler, mas largamente imprecisas, inéditas em português) foi insuficiente para minorar o estrago reputacional das declarações preconceituosas e ressentidas do aposentado Capra contra judeus e afro-americanos. Nas mais de três décadas desde sua morte, seu prestígio jamais se recuperou. 


É pena, pois seu cinema teve mais picos do que vales e foi invariavelmente humanista. Tanto pela “esperança”, como lembra a historiadora Jeanine Basinger, quanto pela “diversão”, como defende o diretor Alexander Payne (Sideways), não dá mesmo para abrir mão dos filmes de Frank Capra.


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