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01/12/2023
Como Renasce Um Filme

Por Amir Labaki


Quase um século depois de o filme deixar o Brasil e ser dado como desaparecido por seu realizador, o documentarista luso-brasileiro Silvino Santos (1886-1970), “Amazonas, O Maior Rio do Mundo” (1920) fez finalmente sua estreia nacional na Cinemateca Brasileira na semana passada. Uma cópia foi descoberta nos arquivos fílmicos da República Tcheca, em Praga, no início deste ano, sob um dos títulos de sua conturbada exploração europeia, “The Wonders of the Amazon”, merecendo sua reestreia mundial, agora devidamente identificado, na Jornada do Cinema Mudo de Pordenone, Itália, no mês passado.

 

A extraordinária notícia se tornara pública numa reportagem de 7 de outubro de Constance Malleret no diário britânico The Guardian. “É basicamente um milagre”, confirmava no artigo o principal especialista brasileiro na obra de Santos, Sávio Stoco, professor da Universidade Federal do Pará cuja tese de doutorado na ECA-USP enfocava em 2019 o período entre 1918 e 1922 da produção amazonense de Silvino Santos. “Não tínhamos a menor esperança de que esta obra fosse algum dia encontrada”, reconheceu Stoco.

 

A descoberta tem início a partir da consulta ao especialista em cinema silencioso Jay Weissberg por um curador da cinemateca tcheca sobre um documentário lá equivocadamente catalogado como uma produção norte-americana de 1925. “Em segundos”, disse Weissberg ao The Guardian, “eu sabia que não era 1925, era muito anterior, e certamente nada tinha a ver com o que os EUA poderiam ter feito”. Weissberg lembrou-se da pesquisa de Stoco sobre os documentários de Silvino Santos no Amazonas, o contatou e o círculo se fechou.

 

Última e maior produção da Amazônia Cine-Film, fundada em Manaus por empresários ligados ao comércio, “Amazonas, O Maior Rio do Mundo” foi rodado entre 1918 e 1920 como a estreia em longa-metragem de Silvino Santos, um fotógrafo amador tornado cineasta na opulenta capital amazonense no auge do ciclo da borracha. Antes mesmo de qualquer projeção no país, “pouco depois de sua finalização, por volta de junho de 1920”, segundo o próprio Santos, seus negativos foram enviados à Europa visando à legendagem em alemão, francês e inglês e buscando distribuição internacional, tendo por representante um espertalhão de opaca biografia chamado Propércio de Mello Saraiva.

 

Ele rebatizou o filme, deu entrevistas como se fosse seu realizador a revistas sobre viagens exóticas da Inglaterra e da França e transferiu os direitos de exploração à distribuidora Gaumont. Foi assim que “As Maravilhas da Amazônia” chegou às telas, entre 1922 e 1931, na França, Inglaterra, Alemanha, Itália e Polônia, sumindo por nove décadas até ressurgir em Praga.

 

Devido a repercussão desta circulação europeia, a minuciosa pesquisa de Stoco conseguiu descrever e discutir o documentário tido como perdido, numa “reconstituição fílmica textual”. Um artigo num jornal de Toulouse, no sul da França, de fevereiro de 1924, sintetizava bem os temas centrais, mas o guia mais preciso foi encontrado num documento do mesmo ano do departamento de censura cinematográfica de Berlim, que reproduz os intertítulos do filme.

 

Em 66 minutos, como bem resumiu Stoco para The Guardian, “Amazônia” “combina diferentes dimensões do documentário numa agradável narrativa para o espectador”. É um filme de viagem sobre belezas naturais (o rio e seus afluentes, a fauna e a flora), uma produção sobre as atividades comerciais (a borracha, a castanha, a mandioca, o algodão, a cana-de-açúcar, a pesca, a pele de animais) e uma obra com pegada histórica e etnográfica (as inscrições rupestres em Itacoatiara, o pioneiro registro fílmico do povo indígena uitoto, do Peru).

 

Pela primeira vez em longa-metragem, e sem surpresa numa produção encomendada por comerciantes, “Amazonas, O Maior Rio do Mundo” documenta sobretudo a visão extrativista do Brasil sobre a região amazônica, dominante há um século como hoje. Ao lado do fascínio pela exuberância, lá estão a exploração antiecológica dos recursos naturais, a violência e o preconceito contra os povos originários (referidos explicitamente como “selvagens”), a truculência com animais (gado e cavalos, onças e peixes-boi).

 

Não se cobre demasiadamente a Silvino Santos por portar o olhar de seu tempo e trabalhar nos limites de seu contrato -aliás, note-se, como um par de anos mais tarde, de maneira similar, Robert Flaherty (1884-1951) rodava seu “Nanook, O Esquimó” (1924) com os inuítes do Ártico. Se a influência do cinema ficcional encorpava a estreia de Flaherty, Santos debutou em “Amazonas” com inegável pegada narrativa e admirável sensibilidade para enquadramentos, imprimindo pontualmente certo dinamismo no movimento das pesadas câmeras em situações inóspitas.

 

“No Paiz das Amazonas” (1922), o longa que originalmente o consagrou por aqui, consolidava este talento, com maior foco na era de ouro do ciclo da borracha e em sua capital, Manaus. Muito mais nítido, comprova-se agora, o quanto retomava e respondia ao desaparecimento de seu primeiro documentário de maior fôlego. Adiciona-se ainda uma nova interpretação a sua cartela final: “Viva o Brasil!”.



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