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05/06/2022
Cannes de Fato e de Ficção
Por Amir Labaki

Foi um documentário a primeira produção brasileira a participar oficialmente da competição principal do Festival de Cannes, que no próximo dia 17 inaugura sua 75ª edição. Não aconteceu logo de saída, no festival inaugural de 1946, mas sim em 1949, na terceira edição. O site do festival registra apenas seu título, “Sertao”, sem o til (Sertão) e sem o subtítulo (Entre Os Índios do Brasil Central), e erra o nome do diretor. O correto seria Genil Vasconcelos, sendo creditado equivocamente “Joao G. Martin”, provável referência ao um dos operadores de câmera, J. V. Martim.

Documentários de qualquer nacionalidade raramente repetiram o feito de disputar o prêmio principal, na época ainda não batizado como Palma de Ouro, criada em 1955. Apenas dois venceram Cannes: “O Mundo do Silêncio”, de Jacques Cousteau e Louis Malle, em 1956, e“Fahrenheit 11 de Setembro”, de Michael Moore, em 2004.

“Sertão: Entre Os Índios do Brasil” não era o único documentário em competição em 1949. Representando a Bélgica, participava da disputa também “Images d’Éthiope” (Imagens da Etiópia), dirigido pelos franceses Jean Pichonnier e Paul Pichonnier. O site do festival também se equivoca na ficha técnica, creditando apenas Paul como diretor e Jean como roteirista e dialoguista. Apenas um documentário os precedera em competições oficiais: o ensaio de arquivo “Paris 1900”, da francesa Nicole Védrès, selecionado para a segunda edição, em 1947. (Por dificuldades orçamentárias, não houve festival em Cannes em 1948).

O filme de Genil Vasconcelos se insere entre os pioneiros longas-metragens etnográficos da era sonora no Brasil. A sinopse no banco de dados da Cinemateca Brasileira (felizmente de volta on-line, com a nova administração) o apresenta como “expedição ao território dos Xavantes da Região Centro-Oeste, que registra seu primeiro contato com os não-índios”, tendo texto da locução escrito por Osvaldo Alves e Raimundo Magalhães Jr. e lido pelo célebre locutor radiofônico Luís Jatobá.

Não foram diretamente as celebrações previstas para a efeméride da 75ª edição que me levaram a mergulhar na história de Cannes e encontrar o pioneiro “Sertão”, mas sim um curioso romance policial francês situado durante o festival de 1949, “L’Assassinat d’Orson Welles” (O assassinato de Orson Welles, Éditions du Rocher, 304 págs, 18,90 euros, 2019, inédito no Brasil). Escrito pelo ex-jornalista (Paris Match, L’Express) Jean-Pierre de Lucovich, o livro retoma no imediato pós-guerra as aventuras do detetive particular Jérôme Dracéna, lançado no premiado “Occupe-Toi d’Arletty!” (Plon, 2011, também inédito aqui).

Cannes é o epicentro da ação, mas ocupa um pouco menos de um terço da narrativa, abrindo e fechando o livro. Tudo começa quando um tiro atinge o espelho logo atrás de Welles em sua suíte no Hotel Carlton, num fim de tardede 14 de setembro de 1949, três dias antes do encerramento do festival. Welles lá estava com a equipe de “O Terceiro Homem”, o filme noir britânico que venceria aquela edição, dirigido por Carol Reed a partir de um roteiro original de ninguém menos que Graham Greene.

Mais para um personagem de Jean Dujardin (O Artista) do que para um “flic” de Lino Ventura (Os Sicilianos), o parisiense Dracéna debuta na Croisette escoltando Welles depois uma série de ameaças anônimas. Antes de conhecer as sessões de gala no velho Palácio e as festas noite adentro, passa por uma espécie de supletivo dos bastidores do cinema em Paris, entre personagens fictícios e estrelas reais como Pierre Brasseur, Daniel Gélin e Simone Signoret.

A escrita de Lucovich é mais forte na composição de atmosferas do que na invenção do entrecho. Sua pesquisa reconstitui bem a então nova feira das vaidades da aurora de Cannes, com foco sobretudo longe das telas, embora por lá exibissem belos filmes como “Ato de Violência”, de Fred Zinnemann, “Sangue do Meu Sangue”, de Joseph L. Mankiewicz, e “Arroz Amargo”, de Giuseppe De Santis. Não, sem surpresas, o romance não faz qualquer referência a “Sertão”, mas cita de passagem a jornada wellesiana no país em 1942.

O Welles de Lucovich é um pícaro infatigável, em constante ciranda amorosa e frenesi criativo -à época tentando completar o orçamento para terminar seu “Othello”, que -fechando um círculo- seria um dos vencedores de Cannes em 1952. Charuto sempre aceso, de apetite pantagruélico, parece mais uma anteprojeção do Welles tardio do que um retrato do recém autoexilado na Europa. “Escape artist” assumido, ele parece divertir-se postumamente eludindo mesmo os que como personagem o celebram.



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