Nosso filme da semana é “A Arte de Interpretar – A Saga da Novela Roque Santeiro”, de Lúcia Abreu.
Aos poucos o documentário brasileiro se abre para analisar a história de nossa indústria cultural. Um dos melhores exemplos é o pioneiro olhar sobre a era dos festivais de música popular lançado em 2010 por “Uma Noite em 1967”, de Renato Terra e Ricardo Calil.
Um fenômeno tão marcante no país com as telenovelas não poderia ficar de fora. Em 2001, Joel Zito Araújo realizou um marco com “A Negação do Brasil”, que venceu nosso festival ao radiografar a longa batalha dos artistas negros pelo justo reconhecimento à sua contribuição ao gênero.
Em nosso filme de hoje, Lúcia Abreu troca a visão panorâmica e sociológica por um estudo de caso. E que caso. “Roque Santeiro” representou um dos maiores sucessos da história das telenovelas da faixa das 20h da Rede Globo.
A incidentada história de sua produção ilumina as relações entre a repressão política pela ditadura militar instaurada em 1964 e a afirmação do folhetim televisivo no país. Em 1975, no governo Geisel, a censura vetou a estreia de uma primeira versão, no dia mesmo em que seu capítulo inaugural iria ao ar. Com o fim do regime e a ascensão do primeiro governo civil, herdado por José Sarney diante da tragédia da morte de Tancredo Neves em 1985, “Roque Santeiro” foi recuperada, como que assinalando os novos tempos.
O autor original, Dias Gomes, lembra como se inspirou em sua peça de teatro “O Berço do Herói”, censurada em 1965. Quando da retomada do projeto, Dias passou o bastão para Aguinaldo Silva, que a reescreveu como “farsa desbragada”.
Lúcia Abreu ancora-se para reconstituir os bastidores do retumbante sucesso em entrevistas sobretudo com seus principais intérpretes, como Lima Duarte, Regina Duarte e José Wilker. Nada mais justo. Como lembra o grande coadjuvante Toni Tornado, “o prazer está explícito nas interpretações”. Era mais que hora de revisitá-lo.
Todas as segundas-feiras às 22h, com reapresentação às 13h30 das quartas-feiras e às 18h dos domingos.
Sky – canal 55
Claro TV – canal 67
Oi TV – canal 66
Vivo TV – canal 79 (cabo) canal 566 (DTH)
GVT – canal 103
Net – canal 150
Curadoria, Apresentação e Direção Geral: Amir Labaki
Produção Executiva: Mônica Guimarães
Assist. de produção: Ana Paula Almeida
Estagiária: Tetê Andriolli
Fotografia: Erick Mammoccio
Assist. de gravação: Leandro Alves
Edição: Mariana Fumo
Direção: Kiko Mollica
Gravado no Espaço Itaú de Cinema ou Gravado no Reserva Cultural
Realização: É Tudo Verdade e Canal Brasil