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28/01/2022
“Confisco” Recorda e Adverte

Por Amir Labaki


Demorou, mas o documentário brasileiro finalmente enfoca um dos maiores traumas nacionais após a redemocratização de 1985. Disponível na HBO Max desde fins do ano passado, “Confisco”, de Felipe Tomazelli e Ricardo Martensen, aborda os preparativos, a implementação, as polêmicas e as sequelas sociais do chamado Plano Brasil Novo, ou Plano Collor, adotado um dia depois da posse, em 15 de março de 1990, de Fernando Collor de Mello como o primeiro Presidente da República eleito diretamente desde 1960.

 

Visando afastar o espectro da hiperinflação, decretou-se, entre outras medidas, o congelamento da noite pro dia dos depósitos bancários (incluindo cadernetas de poupança) superiores ao limite de 50 mil cruzados novos, então rebatizados de cruzeiros, com a promessa da devolução do excedente a partir de 18 meses. O jornalista econômico Joelmir Beting (1936-2012), no calor da hora, definiu: “É um arrocho monetário nunca visto na história da humanidade”.

 

Num discurso inflamado, Collor bradou: “O Brasil não aceita mais desastres. Agora é vencer ou vencer. Que Deus nos ajude”. Dois anos e meio e mais dois planos depois, foi afastado da Presidência por um processo de impeachment envolvendo denúncias de corrupção, renunciando em 29 de dezembro de 1992, pouco antes de seu afastamento definitivo ser julgado pelo Senado Federal.

 

“Confisco” não é ainda o necessário filme sobre a trágica presidência Collor. Para uma visão de conjunto, talvez nada supere a leitura de “Notícias do Planalto”, de Mario Sergio Conti (Companhia das Letras, 2000). Tomazelli e Martensen concentram-se sobre um dos atos definidores de sua voluntarista administração, pelo impacto imediato e devastador no cotidiano de toda a população.

 

A grande sacada de “Confisco” é estruturar-se em torno de duas histórias com o Plano Collor ao centro: as trajetórias da ministra da Economia Zélia Cardoso de Mello e da família do então pequeno empresário de caminhões Dorival Silva -eleitor, assim como a esposa Ester, do propagandeado “caçador de marajás”. Em torno de seus depoimentos e das gravações de suas atuais rotinas, o quadro maior é cimentado com imagens de arquivo e entrevistas com participantes e testemunhas (Collor, claro, disse não).

 

De seu apartamento em Nova York, para onde se mudou em 1997 com o então marido, Chico Anysio, e os dois filhos, Zélia concede o que me parece a mais detalhada entrevista filmada sobre os bastidores de sua participação no governo Collor. Lembra que “a situação era gravíssima”, reconhece a liberdade total de decisões para enfrentá-la (“livro branco”) e recorda o prazo curto (três meses) em que o plano foi elaborado, com o auxílio dos economistas Antônio Kandir e Ibrahim Eris.

 

”Eu acho que estava todo mundo disposto a fazer certo sacrifício”, argumenta Zélia. “Se tivesse dado certo a gente não estava conversando sobre isso. Todo mundo acharia que (eu) era a heroína. Infelizmente não foi isso que aconteceu. Eu fracassei”. Arrependimento, autocrítica? Vaidosamente não -ainda que complemente: “Eu sinto muito pelas pessoas que sofreram pessoalmente por isso”.

 

Dorival Silva estava em plena expansão de sua pequena empresa de transporte, com dinheiro no banco da venda de um caminhão e de uma casa para a compra de dois novos veículos, quando foi atingido pelo congelamento do dinheiro. “Perdi tudo. Isso aí foi um golpe, né”, relembra, de sua modesta casa interiorana. “Dorival nunca mais foi o mesmo homem”, complementa sua esposa. “Até hoje não conseguimos superar isso”.

 

O advogado Josué Reis lembra como o então recém-fundado Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) ficou hiperlotado por reclamantes indignados em busca de ações para liberar os recursos congelados. Em artigo comentando o filme na “Folha”, o advogado Alexandre Berthe lamenta que, “passadas três décadas, há 600 mil processos relacionados ao tema —suspensos e sem previsão de julgamento— que prorrogam a angústia”.

 

Autoritário e inconsistente, o Plano Brasil Novo logo fez água. A queda da inflação foi logo revertida e instaurou-se uma brutal recessão, dada a desorganização generalizada da produção e do consumo.

 

Auxiliar de Eris no Banco Central, o economista Gustavo Loyola sustenta que “esta ideia de que tem uma bala de prata ficou no passado”. Seu colega Luiz Gonzaga Belluzzo, que foi apresentado ao plano na véspera de sua implementação, reconhece que “economista não é mágico”. O sociólogo Brasílio Sallum Junior destaca a “falta de experiência” da equipe econômica de Collor.

 

Um comentário final de Josué Reis adverte o presente: “Um país que passou por aquilo é um país que incute medo”. “Confisco” não nos deixa esquecer.




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