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17/09/2021
O Campeão e o Pregador

Por Amir Labaki


É compreensível como estratégia de marketing, mas deturpador quanto à dinâmica da relação retratada, a inversão dos protagonistas no subtítulo brasileiro de “Irmãos de Sangue: Muhammad Ali e Malcolm X”, o documentário de Marcus A. Clarke lançado na semana passada pela Netflix. O mais carismático boxeador de todos os tempos é naturalmente muito mais conhecido do que o líder muçulmano afro-americano assassinado em 1965, porém é sobretudo a influência de Malcolm sobre Ali que está em foco, e não o inverso.


Ok, no livro que deu origem ao filme a ordem é a mesma do título brasileiro, mas em ambos os batismos para as telas suaviza-se a mais aguda definição presente no título do volume original, “Blood Brothers: The Fatal Friendship Between Muhammad Ali & Malcolm X” (Basic Books, 392 págs, 2016), de Randy Roberts e Johnny Smith. Uma amizade fatal pode soar como “spoiler”, mas é bem do que se trata, como não deixa dúvida o filme de Clarke.


“Irmãos de Sangue” se distingue pela apresentação do contexto sociocultural do encontro entre Ali, quando ainda Cassius Clay (1942-2016), e Malcolm (1925-1965). Para os cada vez mais raros aficionados por boxe, o filme oferece um nuançado retrato do primeiro período de carreira do campeão mundial dos pesos-pesados por quatro vezes, mas tem muito pouco a mostrar de sua performance nos ringues. É nisso algo pioneiro em documentários, mas uma abordagem já presente na filmografia ficcional contemporânea, basta ver “A Grande Luta de Muhammad Ali” (2013), de Stephen Frears, e “Uma Noite em Miami...” (2020), de Regina King.


Infelizmente por demais reverente à sua origem teatral, “Uma Noite em Miami...” fabula a celebração histórica, num hotel ainda segregado na Flórida, da primeira conquista do título mundial pelo ainda então Clay, derrotando Sonny Liston (1932-1970) em 25 de fevereiro de 1964. O documentário de Clarke também relembra a festança como o apogeu de cumplicidade entre o novo campeão e Malcolm X, um de seus mentores na conversão ao islamismo e ao combate por direitos iguais para os negros nos EUA.


Apenas dois dias depois do triunfo sobre Liston, numa cerimônia em Chicago, Cassius Clay era rebatizado Muhammad Ali pelo polêmico Elijah Muhammad (1897-1975), o líder do grupo religioso de muçulmanos negros Nação do Islã. O vínculo era um segredo de polichinelo, pela constante presença do boxeador em reuniões da seita em mesquitas e salões desde o início dos anos 1960. “No entanto”, como escreveu David Remnick em “O Rei do Mundo” (Companhia das Letras, 376 págs, 2011), “fora de seu pequeno círculo profissional, a conversão de Clay foi um choque”.


Fundada em 1930, a seita já professava uma heterodoxa interpretação do islamismo associada à ufologia, impondo estrita disciplina militar e patriarcal, em favor do “separatismo negro”. Em 1952, também Malcolm, na época ainda sob o sobrenome Little, fora por Elijah recrutado, depois de uma juventude de delinquência e quatro anos de prisão. “Nenhum dos seguidores de Muhammad havia demonstrado tanta inteligência e segurança ao pregar”, destacou Remnick.


Malcolm X logo se tornou o segundo nome da Nação do Islã e sua liderança mais conhecida e carismática. Se Elijah conheceu Ali primeiro, Malcolm foi essencial para concretizar sua conversão. Ironias da história: como Clarke didaticamente demonstra, a filiação do boxeador aconteceu quase simultaneamente à ruptura entre seus dois mentores.


Elijah temia o crescimento da projeção de Malcolm e este defendia, pública e privadamente, uma guinada política da seita, em favor de um engajamento mais ativo na batalha pelo fim da segregação racial e pela igualdade de direitos para os afro-americanos. Em 1964, Malcolm foi afastado da Nação do Islã e Ali também rompeu relações com ele, mantendo-se fiel a Elijah, seu primeiro padrinho.


Em 21 de fevereiro de 1965, Malcolm X foi assassinado ao iniciar um discurso no salão Audubon em Manhattan. Meses antes, revelara a hipocrisia de Elijah em pregar retidão moral ao mesmo tempo em que engravidava jovens secretárias em série.


“Malcolm X e todos mais que atacarem ou falarem em atacar Elijah Muhammad morrerá”, comentou Ali numa entrevista para TV recuperada por Clarke. Elijah negou qualquer envolvimento, completando: “Ele pregava a violência e a violência tirou sua vida”.


Logo após afastar-se da Nação do Islã, em 1975, Muhammad Ali retomou contato com a viúva e as filhas de Malcolm, a quem hospedara em sua casa de Miami nos idos de 1963. Ao preparar com o pai seu último livro memorialístico (The Soul of A Butterfly, Simon & Schuster, 2013), confessou Hana Ali a Marcus A. Clarke, o boxeador classificou entre seus maiores arrependimentos a ruptura com Malcolm X. Depois de “Irmãos de Sangue”, suas sagas parecem tragicamente indissociáveis.


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