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03/09/2021
Memórias de Uma Paz Possível
Por Amir Labaki

Repleto de personagens que ainda frequentam nossa galeria diária de notícias, o documentário “O Fator Humano” (2019) do israelense Dror Moreh parece retratar uma era tão distante como a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Disponível no Globoplay, trata-se de uma austera dissecção de mais de três décadas de envolvimento dos EUA na busca de uma solução pacífica para o conflito entre israelenses, árabes e palestinos no Oriente Médio. Parece pesado, mas voa como um thriller, como se séries como “Homeland” (Globoplay)  e “Fauda” (Netflix) abrissem episódios reflexivos.


Não é por acaso a origem israelense das duas séries ficcionais citadas. “O Fator Humano” se diferencia por tratar explicitamente da perspectiva parcial da imensa maioria de seus entrevistados. São judeu-americanos cinco dos seis negociadores oficiais dos EUA, na tentativa de firmar acordos de paz entre lideranças israelenses, palestinas e árabes, entrevistados por Moreh. A exceção é Gamal Helal, diplomata egípcio-americano que trabalhou de meados dos anos 1980 até 2009 no Departamento de Estado, o equivalente dos EUA a nosso Ministério das Relações Estrangeiras.


Vários depoentes descartam o mito da neutralidade dos negociadores americanos e alguns, como Aaron David Miller, se arrependem mesmo de terem “vezes demais” trabalhado como “advogados de Israel”. Moreh aponta o elefante na sala, mas não deixa dúvidas do ativo engajamento de todos na busca de uma solução negociada que compatibilizasse os interesses historicamente conflitantes, pacificasse a região e alcançasse a solução de dois Estados soberanos lado a lado, Israel e Palestina.


“O Fator Humano” recorda como esta utopia esteve prestes a vingar e assume ao fim que nunca esteve tão longe quanto hoje de apresentar-se no horizonte. Catalisada inicialmente pela habilidade de James Baker, o secretario de Estado entre 1989 e 1992 do presidente republicano George Bush (1924-2018), a janela de esperança quase coincide com o período (1993-2001) dos dois mandatos do democrata Bill Clinton na Casa Branca. O crédito, porém, cabe menos à liderança de Clinton do que à ousadia de dois líderes que superaram barreiras firmemente enraizadas em seus respectivos campos, em busca de um compromisso pacífico: o primeiro-ministro israelense Yitzak Rabin (1922-1995) e o líder da Autoridade Palestina e da OLP Yasser Arafat (1929-2004).


A inteligente edição do abundante material de arquivo do período revela a radical mudança da dinâmica interpessoal dos encontros entre Rabin e Arafat, da desconfiança à cumplicidade. O mosaico de imagens e depoimentos colore de detalhes a tensa negociação de bastidores que viabilizou o pioneiro aperto de mãos entre ambos nos jardins da Casa Branca, com Clinton na retaguarda, em celebração da assinatura dos acordos de Oslo em 1993.


Surgia uma luz no fim do túnel, como simbolizado pela atribuição do prêmio Nobel de Paz do ano seguinte a Rabin e seu chanceler, Shimon Peres (1923-2016), do lado israelense, e a Arafat, do palestino. Ela não duraria muito, como comprovou o assassinato de Rabin em Tel-Aviv pelo radical direitista israelense Yigar Amir em novembro de 1995. Os registros de um comício anti-Rabin pouco antes de sua execução exibem o inflamado discurso de seu nêmesis: o futuro primeiro-ministro (1996-1999 e 2009-2021) Benjamim Netanyahu.


Mantendo o foco no apogeu das negociações, “O Fator Humano” sobrevoa apenas o primeiro governo Netanyahu, ainda incapaz de enterrar o processo de paz e a solução de dois Estados, no que se empenhou com trágico sucesso em seu longo segundo mandato. A ascensão a primeiro-ministro de Ehud Barak em 1999 reacendeu as expectativas de um acordo mais amplo e duradouro ainda no ocaso da era Clinton, com os bastidores da frustrante cúpula de paz de Camp David em 2000 estabelecendo o tom sombrio do epílogo de “O Fator Humano”.


Em sua resenha ao filme na revista Variety, Jay Weissberg parece-me se equivocar em duas críticas bem-intencionadas. Primeira: os palestinos não são retratados como “a parte intratável”. Segunda: Moreh não recicla o “Orientalismo”, como cacoete colonialista definido por Edward Said, ao fixar-se nos negociadores americanos, até pelo fato de problematizar explicitamente a origem e a postura de seus entrevistados.


Cobrar-lhe por não ouvir os negociadores dos outros lados é exigir do documentarista uma postura jornalística. Seria o mesmo que condená-lo por restringir-se aos chefes do serviço de segurança de Israel (o Shin Bet) nas entrevistas de seu igualmente impactante filme anterior, “Os Guardiões” (The Gatekeepers, 2012), indicado merecidamente ao Oscar de documentário. Em ambos os filmes, Dror Moreh captura o cotidiano e o pessoal no tecido mesmo da História. É raro, é belo -e não é pouco.

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