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13/08/2021
Dissecando as Imagens do Fascismo
Por Amir Labaki
 
Uma das principais atrações entre os documentários da recém-encerrada 35ª edição do festival Il Cinema Ritrovato de Bolonha, “Fascista” (1974), de Nico Naldini (1929-2020), nunca passou no Brasil. Logo depois de sua estreia na Mostra Internacional da Arte Cinematográfica de Veneza daquele ano, injustamente condenado como um pretenso culto à Benito Mussollini, o documentário de arquivo sumiu de circulação. Quase dois meses depois da morte de seu nonagenário diretor, “Fascista” encerrou a versão online do Pordenone Docs Fest de 2020, iniciando a reabilitação póstuma do único filme dirigido por Naldini.
 

Domenico “Nico” Naldini foi muitas coisas, mas nunca fascista. Poeta desde a juventude, romancista e memorialista, foi professor de literatura e biógrafo de escritores italianos como Giacomo Leopardi (1798-1837). Primo de Pier Paolo Pasolini (1922-1975), dele foi parceiro a vida toda.

Naldini escreveu uma das principais biografias do diretor de “O Evangelho Segundo São Mateus” (1964) e editou o primeiro volume de sua correspondência. Logo após realizar “Fascista”, colaborou com Pasolini na produção de “Salò ou 120 Dias de Sodoma” (1975), talvez a mais violenta denúncia fílmica contra o fascismo.

“Fascista” se originou de sua atividade de curador. Dois anos antes da conturbada estreia de seu documentário, Naldini organizara uma pioneira retrospectiva do cinema da ditadura mussoliniana, conseguindo exibir publicamente a série de cinejornais do período fascista preservada longe das telas pelo Instituto Luce. Seu único documentário se estrutura a partir da edição deste material.

Perdoe a extensa citação, mas ninguém melhor do que o próprio Naldini explicou a essência de seu filme: "A propaganda demagógica do fascismo era tudo (...) O regime fascista, que expressou sua originalidade nele, e o sucesso pessoal de Mussolini, na década de 1920 e em toda a sua carreira subsequente como ditador, contam apenas com a mais extraordinária máquina de relações públicas dentro e fora de nossa história (a italiana – AL). Por trás disso não havia nem pensamento político nem cultura, nem mesmo como formas aberrantes e degeneradas (como o nazismo), mas uma involução histórica obtida com os métodos pragmáticos mais violentos e originados da crise do capitalismo. Este filme pretende ser uma consciência dramática, talvez traumatizante para as novas gerações, do fenômeno Mussolini e seu sucesso de vinte anos em forma generalizada e em massivo condicionamento coletivo. O objetivo era apresentá-lo em sua impressionante compacidade para o público de hoje”.

O documentário se concentra em trechos de cinejornais quase exclusivamente protagonizados pelo ditador Benito Mussolini (1883-1945), da véspera da Marcha de Roma, que o alçou ao poder em outubro de 1922, ao engajamento italiano, em junho de 1940, ao lado de nazismo alemão e do autoritarismo nipônico na Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Naldini sabiamente escalou dois colaboradores de peso para estruturar o filme. A montagem coube a Franco Arcalli (1929-1978), de “O Conformista” (1970) e “O Último Tango em Paris” (1972), de Bertolucci, e o texto da narração ficou a cargo do escritor judeu italiano Giorgio Bassani (1916-2000), autor do romance “O Jardim dos Finzi Contini” que acabara de ser adaptado às telas por Vittorio de Sica (1901-1974), reconstituindo a perseguição pelos fascistas de uma família judaica aristocrática do norte da Itália.

O texto de Bassani contextualiza e analisa criticamente as imagens fílmicas da ascensão totalitária de Mussolini baseada na agressiva máquina de propaganda, centrada no culto à personalidade, e na violência como estratégia política, do espancamento e assassinato de opositores pelos esquadrões paramilitares fascistas à marcha sobre Roma para forçar o débil rei Vitor Emanuel III (1869-1947) a ceder o poder ao minoritário Partido Nacional Fascista. Apenas o desconforto dos italianos frente a filmagens há quase três décadas arquivadas do cruel delírio mussoliniano parece explicar a injusta leitura invertida do documentário de Naldini, uma sóbria denúncia do fascismo interpretada como seu oposto: a nostalgia por Il Duce.

“Fascista” pagou alto preço pelo pioneirismo de um dispositivo fílmico que, duas décadas depois, Claude Chabrol (1930-2010) utilizaria em “O Olho de Vichy” (1993), sobre os cinejornais da França sob ocupação nazista (1940-1944), e com qual o Eduardo Escorel radiografaria, em 2016, o aparato propagandístico fílmico do regime autoritário de Getúlio Vargas, a partir sobretudo dos cinejornais do DIP, em “Imagens do Estado Novo: 1937-1945”. Pelo andar da carruagem, não poderia ser mais urgente exibir o contundente filme de Nico Naldini também por aqui.

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