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02/07/2021
O Corpo Segundo Bernardet
Por Amir Labaki
 

 
Jean-Claude Bernardet estrutura seu novo livro, “O Corpo Crítico” (Companhia das Letras, 128 págs., RS 39,90), em nove textos de origem distinta, nem todos inéditos, e um tema comum: a relação dele com seu corpo. O livro se abre com um texto publicado na revista piauí de julho de 2020, sobre sua renúncia a seguir o tratamento oncológico recomendado para a recidiva de um câncer de próstata, e se encerra com a reedição de um opúsculo, “A Doença, Uma Experiência” (Companhia das Letras, 1993), e uma “coda”, no qual descreve, em primeira pessoa, o cotidiano de seu embate para sobreviver à Aids ainda no período em que seu diagnóstico representava quase inexoravelmente uma sentença de morte.
 

Para um volume de bolso assim encapsulado pelo espectro de Tânatos, é Eros que dá as cartas. Todos os escritos lidam com um corpo em ação, na maior parte das vezes em constante desafio a acasos dilapidantes (a Aids, o câncer) ou a novas atividades autoimpostas (dançar, gritar). Ao extrair o título de uma sacada do crítico de cinema Inácio Araújo frente à notícia da recente recusa ao tratamento (“JC tem um corpo crítico por excelência”), Jean-Claude reconhece na certeira formulação o quanto ela identifica sua forma de viver e transcende as tenazes das doenças.

Implícita à caracterização de Inácio, mas excluída do escopo de “O Corpo Crítico”, está a dimensão performática da trajetória de Jean-Claude no cinema, iniciada em participações pontuais ainda nos anos 1960 em filmes como “Anuska, Manequim e Mulher” (1968), de Francisco Ramalho Jr. A aposentadoria como professor na ECA-USP e a progressiva perda da visão, já nestes anos 2000, catalisaram a atividade de Jean-Claude como ator, colocando-o ao centro de filmes como “FilmeFobia” (2008) e “Periscópio” (2013), de Kiko Goifman, e “Fome” (2015) e “Antes do Fim” (2017), de Cristiano Burlán.

Jean-Claude cerra o foco em seu estar-no-mundo e não no seu estar-na-arte, o que também justifica a ausência de referências a sua obra recente como roteirista (Céu de Estrelas; Através da Janela; Uma Noite Não É Nada) e como realizador (“#eagoraoque”, codirigido por Rubens Rewald, 2020). “O Corpo Crítico” é assim sobre viver, não sobre criar.

Se tomarmos o conjunto de sua produção, é com “Aquele Rapaz” (1990) que o novo livro mais diretamente dialoga. Lá se tratava de uma “ficção autobiográfica” sob a forma de um romance de formação, de estilo marcadamente francês, como notou Roberto Schwarz, nos ecos da “Nouvelle Vague” e de Michel Leiris (A Idade Viril). O estilo continua o mesmo, “a objetividade e o despojamento possíveis”, sintetizou Schwarz, mas o texto se constrói agora de forma fragmentária e aposenta a máscara ficcional.

A história de sua “insubmissão” frente a protocolos médicos que tratam a “longevidade” como “uma necessidade industrial” abre as narrativas do corpo de Bernardet. Segue-se a contraposição de duas versões escritas de um diálogo sobre o amadurecimento de sua decisão entre ele e Mateus Capelo, a dele e a de seu companheiro, numa “relação afetiva” que “passa pela umbanda”.  Suas experiências com os aprendizados de dança e de grito são separadas por dois textos que frisam o papel ativo do corpo no pensamento.

Primeiro, em “Pens Ando”, ao caminhar. Segundo, numa piscadela à atividade central em sua trajetória, a de crítico de cinema, ei-lo narrando episódios do “pensamento produzido pelo corpo”, um deles numa reação a uma cena de “Jogo de Cena” (2007) de Eduardo Coutinho.

Ao encerrar o livro com “A Doença, Uma Experiência”, acentua-se o contraste entre as perspectivas assumidas por Jean-Claude e Susan Sontag (1933-2004) para escrever sobre enfermidades. Ele as trata a partir de suas “experiências”. “Em seu livro sobre o câncer, “A Doença Como Metáfora’ (1978)”, lembra Benjamim Moser em sua recente biografia (“Sontag, Vida e Obra”, Companhia das Letras, 704 pags, 2019, R$ 112,90), “ela não menciona sequer uma vez sua própria doença”. Tampouco há qualquer referência à sua homossexualidade no posterior “Aids e Suas Metáforas” (1988). Nada mais estranho a “O Corpo Crítico” do que esta invisibilidade pela abstração.

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