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18/12/2020
O Círculo de Melville
Por Amir Labaki

Uma boa dose de cinema clássico francês tem me ajudado a enfrentar a longa quarentena provocada pela pandemia. Se Jean Gabin (1904-1976) foi o ator que se agigantou em meu panteão privado, Jean-Pierre Melville (1917-1973) é o cineasta que me convenceu de sua rara grandeza. Uma efeméride ajudou a melhor conhecê-lo.

O cinquentenário do lançamento de seu penúltimo filme, “O Círculo Vermelho” (1970), pautou sua restauração, cuja estreia neste mês em salas na França foi adiada pelo recrudescimento da pandemia. O marco catalisou ainda a realização por Cyril Leuthy do documentário “Melville, O Último Samurai”, que vi on-line em julho passado graças a Il Cinema Ritrovato.

Leuthy lança novas luzes sobre o homem por trás da obra -cinéfilo e solitário, insone e perfeccionista. Noites e noites em claro eram divididas em visões e revisões de clássicos do cinema “noir” americano (“Homens em Fúria”, de Robert Wise, sendo seu preferido) e em passeios de carros por uma Paris momentaneamente desértica.

François Truffaut, um de seus primeiros admiradores, falava em cineastas de entrecho, como Hitchcock, e cineastas de personagens, nos quais se classificava. Numa filmografia condensada, com pouco mais de uma dúzia de filmes, rodados num quarto de século, Melville embaralha essa tipologia.

É especialmente notável ter alcançado este equilíbrio dedicando-se prioritariamente a filmes policiais, de “Bob, O Jogador” (1956) a “Expresso Para Bordeaux” (1972). Talvez Melville esteja para o cinema como Raymond Chandler (1889-1959) para a literatura policial -guardadas as imensas diferenças entre os universos de suas criações.

Existe uma Melvilleland imediatamente reconhecível -em especial, creio, a partir de “Bob, O Jogador”, seu policial de estreia, um “heist movie” na linha de “O Segredo das Jóias” (1950), de John Huston, e “Rififi” (1955), de Jules Dassin. Os “polares” de Melville se abrem em geral com epígrafes inventadas com lições morais, quase sempre atribuídas a mestres orientais.  Seus anti-heróis, invariavelmente condenados pelo destino, são artistas da contravenção, assim como Melville é um coreógrafo insuperável de crimes silenciosos.

O ponto alto de seus policiais são longas sequências sem diálogo, por vezes com mais de dez minutos sem sequer uma palavra falada. São assim o ataque ao cassino em “Bob, O Jogador”, as execuções em “O Samurai” (1967), o roubo da joalheira em “O Círculo Vermelho”, o assalto ao banco e a acrobática sequência do latrocínio da maleta de drogas no trem em “Expresso para Bordeaux”. O ideal é vê-los em tela grande, mas a Versátil lançou por aqui boas cópias em DVD.

A França do pós-guerra é seu cenário (em geral, recriada em seu próprio estúdio), mas tudo remete ao universo americano, mais especificamente ao fixado no imaginário pelo “noir” hollywoodiano. Seus personagens usam chapéus e capas de gabardine, preferem uísque a vinho e buscam um último grande golpe. Seus cotidianos passam invariavelmente por bares com shows jazzísticos que combinam a Pigalle parisiense de sua juventude à Nova York de sua cinemateca privada.

A obsessão americana se afirma pelo nome de guerra, assumido em seus tempos da Resistência antinazista e mantido como pseudônimo artístico. Herman Melville sucedeu em seu panteão literário às admirações de juventude por Jack London e Edgar Allan Poe. O judeu alsaciano Jean-Pierre Grumbach assim driblou a fúria antissemita.

A manutenção do codinome finda a Segunda Guerra sinaliza sua nostalgia -reconhecida não sem culpa- pelos “melhores anos de minha vida”. Soldado entre 1937 e 1940 do Exército francês vergonhosamente derrotado pelas tropas nazistas, voluntário entre 1942 e 1945 das Forças Francesas Livres, Melville confessa: “Ali vi homens corajosos que aceitavam morrer”. Seu irmão mais velho, Jacques, foi um deles.

Jean-Pierre foi sempre discreto sobre seu currículo de resistente. A experiência catalisou dois de seus melhores filmes, ambos adaptados de obras tornadas clássicas sobre a repulsa à ocupação nazista da França e ao regime colaboracionista de Vichy (1940-44).

Para seu longa-metragem de estreia, adaptou o best-seller “O Silêncio do Mar” (1947) à revelia de seu autor, Vercors (pseudônimo de Jean Bruller). O pacto de mutismo entre um ancião e sua sobrinha, frente ao oficial alemão que se impõe como hóspede em sua casa numa cidadela anônima, tornou-se um filme algo expressionista, tão ascético quanto antimaniqueísta. Já maduro, Melville pôde arregimentar uma grande produção para rodar “O Exército das Sombras” (1969), a partir do romance autobiográfico de Joseph Kessel sobre as tensões e dramas de um grupo da Resistência francesa.

Seu primeiro filme se chama “O Silêncio do Mar”. Um forte ruído de ondas abre o último, “Expresso Para Bordeaux”. Há algo de hipnótico neste círculo de Melville.

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