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27/11/2020
Babenco: Viver para Filmar
Por Amir Labaki
   
"Eu já vivi a minha morte, só falta fazer o filme”. Uma das falas finais de Hector Babenco (1946-2016) em “Babenco - Alguém Tem Que Ouvir O Coração E Dizer: Parou” é a chave de leitura para o documentário a ele dedicado por sua última companheira, a atriz Bárbara Paz, já em cartaz.
   
Cineasta marcadamente realista sobretudo de dramas sobre os deserdados, como “Pixote -A Lei do Mais Fraco” (1981) e “O Beijo da Mulher-Aranha” (1985), é na contramão do estilo clássico de seu personagem que Paz estrutura seu amoroso retrato. “Babenco” é um documentário fragmentário e impressionista, agônico e onírico, desenvolvido como um fluxo de consciência febril de um homem marcado para morrer.
   
O filme recusa a estrutura tradicional das biografias, do berço ao túmulo, e mesmo a cronologia dos retratos de artistas, naquela conhecida articulação entre fatos da vida e sucessão de obras. Aquele “viver a morte” referido por Babenco tem duplo sentido.
   
De um lado, refere-se à sua batalha de 32 anos para estender a dança de sua despedida, a partir do diagnóstico de câncer logo após concluir “O Beijo da Mulher-Aranha”, o filme que lhe valeu uma indicação ao Oscar de melhor diretor. De outro, à cumplicidade com que se engajou no projeto de uma homenagem fílmica póstuma dirigida por Paz.
   
Babenco escancara ao filme suas memórias e seu cotidiano adoentado. Mais que isso: colabora com o argumento de uma fantasia de sua vitória sobre a morte, invertendo “avant la lettre” o jogo lindamente encenado por Kirsten Johnson e seu pai no recente “As Mortes De Dick Johnson” (Netflix), premiado pela originalidade no festival de Sundance deste ano e um dos favoritos na disputa do próximo Oscar da categoria.
 
Indicado na semana passada como pioneiro representante documental brasileiro para concorrer a uma vaga entre os indicados ao Oscar de melhor filme internacional, depois de ter vencido no ano passado o prêmio de melhor documentário sobre cinema no Festival de Veneza, “Babenco” guarda poucas semelhanças estilísticas com “As Mortes de Dick Johnson”, excetuado o mesmo foco na filmagem programática da antessala da morte de seus protagonistas. Os Johnsons engajam-se numa ciranda de adeuses fictícios; Paz reconstrói num compassado jato sensorial uma vida que se esvaiu, a partir de sons e imagens, sons, palavras e canções, criados ou captados para seu filme ou por ele resignificados desde suas origens em arquivos diversos.
   
A harmonia imagética alcançada apesar da extrema variedade dos materiais filmados deve-se à heterodoxa homogeneização em preto e branco contrastado de todas as imagens, mesmo a dos filmes do próprio Babenco. Na operação, é como se Paz dissesse que tudo referente a Babenco, mesmo suas ficções, representam para o organismo de seu filme células documentais. O ambiente sonoro criado pelo grupo O Grivo confere organicidade ao amplo leque de sons revisitados.
   
A participação do grupo musical experimental mineiro amalgama-se mais uma vez com o trabalho do cineasta Cao Guimarães (A Alma do Osso), parceiro essencial de Paz na edição. O dispositivo minimalista, atmosférico e antididático, da obra própria de Guimarães também respira em “Babenco”. Outra referência inevitável, no onirismo poético da narrativa, é “Elena” (2012), de Petra Costa, não por coincidência uma das produtoras executivas do filme.
   
Tratando-se do retrato de um cineasta, cumpre louvar a recusa ao calendário e a interpretações por especialistas. Trechos de seus filmes, por vezes apenas de suas bandas sonoras, sem os tradicionais letreiros de identificação, surgem conforme a demanda narrativa, -jamais a citação pela citação. “Babenco” nisso remete aos documentários de cinema de Erik Rocha, sobretudo “Rocha Que Voa” (2002) e “Cinema Novo” (2016).
   
Hector Babenco vivia para filmar e, quando não mais podia fazê-lo, com raro desprendimento e tradicional coragem, ofereceu-nos sua morte em filme. A certa altura, ele confessa para Paz “a sensação de que a grande obra não foi feita”. Depois de revisitar-lhe a trajetória, vida e filmes interligados, em “Babenco - Alguém Tem Que Ouvir O Coração E Dizer: Parou”, eu não teria tanta certeza.

 

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