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17/07/2020
Fellini dos Espíritos
Por Amir Labaki

“Compreendo meus filmes quando ouço a música de Nino Rota”. Lembrei da frase de Federico Fellini (1920-1993) ao saber da morte de Ennio Morricone (1928-2020) no último dia 6. Não que acredite que Sergio Leone (1929-1989) dissesse o mesmo de sua igualmente intensa parceria com Morricone, em nada menos que seis filmes -e os maiores, entre os quais nada menos que “Três Homens em Conflito” (1966), “Era Uma Vez no Oeste” (1968) “Era Uma Vez na América” (1984).

Ouvira a frase do diretor de “8 ½” (1963) ao assistir no fim do mês passado ao ainda inédito “Fellini dos Espíritos”, de Anselma Dell‘Olio, no Marché du Film On-line de Cannes 2020, anunciado nesta semana como um dos selecionados deste ano por Cannes Classics. Naquelas poucas palavras, o cineasta sintetizava e ia além da extensa homenagem que prestara postumamente a Rota (1911-1979) no depoimento ao crítico Giovanni Grazzini publicado no livro “Fellini por Fellini” (Dom Quixote, Portugal, 1985). “O colaborador mais precioso que tive, posso responder sem pensar, foi Nino Rota”, começava dizendo Fellini.

Mas a justa celebração à parceria com Rota é exceção no documentário de Anselma Dell’Olio. Produzido pela associação Fellini 100, que organiza as celebrações neste ano do centenário felliniano completado em janeiro passado, o filme será lançado no circuito de festivais neste segundo semestre, provavelmente a partir da mostra Il Cinema Ritrovato, em Bolonha, Itália, no fim de agosto, e dentro da seleção Cannes Classics integrada excepcionalmente neste ano ao Festival Lumière, em outubro em Lyon, França, e nos Encontros Cinematográficos de Cannes, em novembro.

Há ainda no documentário, inevitável e merecidamente, toda uma sequência dedicada à relação essencial, na vida e nas telas, entre Fellini e sua musa e esposa Giulieta Masina (1921-1994). O próprio título o adianta, parafraseando “Julieta dos Espíritos” (1965), a penúltima e mais autobiográfica colaboração cinematográfica do casal. Mas o foco de Dell’Olio privilegia os “espíritos” e não Giulieta/Julieta.

“Fellini dos Espíritos” convida a uma releitura de sua obra a partir da influência do sobrenatural. Compreende-se, assim, que “Julieta dos Espíritos” seja elevado a filme modelar, a partir do entrecho em torno da dona de casa (Masina) que busca no oculto a solução para a crise matrimonial.

Desta época data o início da amizade entre Fellini e o místico italiano Gustavo Rol (1903-1994). “Rol é uma antologia de fenômenos paranormais”, o definiu numa entrevista o cineasta. “Por meio dele, entrei em contato com outras dimensões”. Fellini passou a frequentar mesas espíritas, a visitar cartomantes, a mergulhar na leitura do “I Ching”.

Devotos e colaboradores testemunham sobre seus novos hábitos. Dell’Olio me parece forçar um pouco a mão ao eleger a transição do católico ao mítico e deste ao mistíco como a chave para toda a segunda metade da vida e obra felliniana. A primeira evolução dataria da crise depressiva que o atingiu logo após a estreia de “A Estrada da Vida” (1954); a segunda, do intervalo entre “8 ½” (1963) e “Julieta”.

A relação com Rol marcaria a segunda. Muito mais importante, sob qualquer ponto de vista, foi o encontro anterior, desde meados dos anos 1950, com o psicanalista junguiano alemão Ernest Bernhard (1896-1965). “Foi ele que me fez entender que a vida onírica não é menos importante que a vida diurna, especialmente para um artista”, explicou Fellini. “Devo a ele ter podido ler de forma mais receptiva os livros de Jung”.

Esta leitura, reconhece, “encorajou e favoreceu, indubitavelmente, o contato com zonas mais profundas, estimulando e solicitando a fantasia”. Veja-se, sobretudo, a liberação onírica de “8 e ½”, “A Cidade das Mulheres” (1980) e “E La Nave Và” (1983). Mas desconfio de tentativas de enclausuramento do cinema de Fellini em fórmulas e cronologias rígidas.

Resenhando “8 ½” no calor da hora, o crítico carioca Moniz Vianna já ia direto ao essencial: “A obra felliniana é uma autobiografia”. Num brilhante ensaio de fins dos anos 1970, Glauber Rocha sintetizava tudo: “documentarista do sonho, Fellini o recria magicamente através de cenografias e atores (...). Fellini filma seu interior refletido no espelho de sua encenação”.

Se há um marco de ruptura a reconhecer é por certo “8 ½”, com seu mergulho autorreflexivo nos fantasmas da criação cinematográfica, rompendo com a inicial influência neorrealista, entre “Mulheres e Luzes” (1950) e “La Dolce Vita” (1959). A forma se altera, mas as obsessões continuarão sempre as mesmas: a infância de província sob o fascismo, o fascínio pelo circo, a paixão por histórias em quadrinhos, o feitiço feminino, o mistério de Deus, a mitologia romana.

Aparentemente não há filmes mais polares do que os Fellini e os de Eduardo Coutinho (1933-2014), mas para começo de conversa um vetor os põe em diálogo: ambos progressivamente renunciaram às filmagens de exterior, fechando-se em ambientes controlados para criarem seus universos fílmicos. Um era exagerado, o outro, minimalista. Se Coutinho ouvia a alma, Fellini foi, na sacada de Glauber, o maior pintor móvel do século 20.
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