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05/06/2020
O “Brasil” de Clouzot
Por Amir Labaki

Entre as preciosidades disponibilizadas diariamente desde o início de abril pelo novo serviço de streaming da Cinemateca Francesa, batizado HENRI em homenagem a seu fundador, Henri Langlois (1914-1977), um pequeno filme vem lançar luzes sobre um dos mais polêmicos e esquecidos projetos de grandes cineastas internacionais sobre o Brasil. Com dez minutos de duração, “Brasil” apresenta a introdução inédita, rodada na virada de 1949 para 1950 em Paris, ao documentário inacabado que o diretor francês Henri-Georges Clouzot (1907-1977) veio rodar no país como uma espécie de lua-de-mel com sua segunda esposa, a brasileira Vera Gibson-Amado (1913-1960), filha do escritor e diplomata sergipano Gilberto Amado (1887-1969).

“Felizmente casado com Vera, nada melhor para provar o meu afeto por ela que prestar uma homenagem merecida e sincera aos meus patrícios, fazendo um filme para o mundo, a fim de levar ao estrangeiro a beleza desse país que também é o meu de coração”, diria Clouzot ao Diário de Notícias pouco depois de desembarcar com mulher e equipe no Rio, em maio de 1950. Trazia 3.500 quilos de equipamento na bagagem e uma ideia vaga na cabeça.

Um mês depois, confessaria à Folha da Manhã: “Não preparei nada. (...) Antes de vir para cá não quis ler nada sobre o Brasil, a fim de não ter opiniões já feitas e preservar a primeira impressão”. De fato, nos dez minutos de preparação à viagem agora revelados pela Cinemateca Francesa, a pesquisa de Clouzot se limita a cenas examinando um mapa do Brasil e conversando brevemente com o ator Louis Jouvet (1887-1951) sobre o país, visitado por este com sua companhia teatral durante a Segunda Guerra.

Ao mesmo tempo em que ocorria essa breve filmagem parisiense, ninguém menos que Rubem Braga (1913-1990) entrevistava Clouzot para uma pioneira reportagem, em fins de janeiro de 1950, no Correio da Manhã. “Não, não pretendo fazer um documentário sobre o Brasil”, sustentava o diretor de “O Corvo” (1943). “Não acredito em documentários: eles têm uma falsa objetividade”.

“Por que, então, não ter a coragem de fazer de uma vez um ‘documentário’ que documente a nós mesmos, nessa reação diante das coisas, as vibrações de nossa sensibilidade?”, perguntou retoricamente. “Stendhal fez isso na Itália: fez um diário de ‘sua’ viagem e não de uma viagem pela Itália. É o que tentarei fazer no cinema: o diário de uma viagem de um francês pelo Brasil, o ‘meu’ diário do Brasil”.

Não foi por certo a modéstia que inviabilizou o projeto de Clouzot. Seria ele o próprio produtor e contava com o apoio do Ministério das Relações Exteriores, como mostra o filmete no HENRI, numa situação muito distinta, portanto, da enfrentada por Orson Welles aqui em 1942 durante as atribuladas filmagens do inacabado “It’s All True”. Reconheça-se, contudo, que não ajudou Clouzot ter tido de esperar quase dois meses para liberar equipamentos na alfândega, além das dificuldades para adquirir película virgem para filmagem.

Nunca se soube ao certo o quanto e o que ele efetivamente filmou, além de registros no Rio do contraste entre as favelas e grandes obras como a construção do Maracanã original, e tampouco porque se convenceu a desistir de “Brasil”. Sua versão de ter sido vítima de “advertências veladas da censura” jamais convenceu. Nem decolou um segundo projeto de um filme ficcional de inspiração neorrealista estrelada apenas por atores negros na Bahia.

Se seu voluntarismo cinematográfico não frutificou, Clouzot não sairia daqui de mãos abanando, como reconstituiu impecavelmente Fernando De Tacca em “Imagens do Sagrado” (Unicamp, 2009). Emprestando régua e compasso do eminente etnólogo Edison Carneiro (1912-1972) para posterior arrependimento deste, o cineasta debutou como antropólogo amador e fotógrafo profissional flanando com Vera pelo universo do candomblé em Salvador.

Um ano depois de seu desembarque no Rio eram publicados na França o livro “Le Cheval des Dieux” (O Cavalo dos Deuses) e a fotorreportagem “Les Possédées de Bahia” (“As Possuídas da Bahia) na revista Paris Match. Um subtítulo da matéria já dá uma ideia: “Ritos Sanguinários Herdados da Idade da Pedra”. Leia De Tacca para conhecê-la na íntegra e compreender as desastrosas repercussões de revista e livro.

“Sensacionalismo, nada mais”, condenou Carneiro. “Colonialista”, acrescentou o sociólogo francês Roger Bastide (1898-1974), também estudioso das religiões afro-brasileiras. “Um pitoresco de uma violência excessiva”, protestou o então mais internacional de nossos cineastas, Alberto Cavalcanti (1897-1982). “Feitas com bazófia”, repudiou simplesmente Pierre Verger (1902-1996). Sem qualquer contextualização, ninguém diz que aquele inocente filminho no streaming da Cinemateca é o prelúdio de uma afronta histórica.

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