Nosso filme da semana é “Bloqueio”, de
Quentin Delaroche e Victória Álvares.
“Bloqueio” é cinema à quente. No sétimo
dos dez dias da greve de caminhoneiros que parou o Brasil no final de maio de
2018, dois realizadores foram a Seropédica, no Rio de Janeiro, registrar um das
centenas de bloqueios que paravam as rodovias por todo o país. Com raríssima e
louvável agilidade, quatro meses mais tarde o filme chegava às telas, em
exibição especial durante o festival de Brasília.
Quentin, na câmera, e Victória, no som,
captaram as imagens e sons de um movimento surpreendente e traumático. Com os
caminhoneiros, colhem demandas específicas, sobretudo a da redução do preço do
diesel, e desejos nacionais: fora, Temer, renovação política e intervenção
militar à frente.
Sucedem-se acusações de “governo
pilantra”, clamados de “O Brasil é nosso”, vozes revisoras dos males da
ditadura de 1964. Uma isolada professora, vinculada ao PSOL, procura
inutilmente argumentar que na ditadura manifestações reivindicatórias como
aquela não teriam vez.
Mais que palavras falam naquele
microcosmos do país no bloqueio de Seropédica. A bandeira nacional surge
onipresente, sobre veículos ou abraçada por grevistas e curiosos. Hinos se
sucedem: o da Independência de um carro de som; evangélicos, entoados por
devotos; o Nacional, no “grand finale” perto da desmobilização.
Rodado quando começava ainda a
esquentar a campanha presidencial de 2018, “Bloqueio” curiosamente não a flagra
abertamente. Quando de sua estreia em Brasília a pouco mais de um mês do
primeiro turno do pleito, apresentava uma sondagem impressionista. Ao entrar em
salas seis meses depois da posse de Jair Bolsonaro, ostentando na nova versão
um letreiro final informando da vitória do “ex-militar de extrema direita”, me
indago se não arrefece um tanto o mistério de seu inquérito.
Todas as quartas-feiras às
20h, com reapresentação às 17h25 das quintas-feiras, às 17h20 das
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Curadoria, Apresentação e Direção Geral: Amir Labaki
Produção Executiva: Mônica Guimarães
Assistentes de produção: Ana Paula Almeida e Tetê Andriolli
Fotografia: Erick Mammoccio
Técnico de Som: Leandro Alves
Edição: Beatriz Domingos
Direção: Kiko Mollica
Gravado no Reserva Cultural
Realização: É Tudo Verdade e Canal Brasil