Nosso filme da semana “Pastor Cláudio”,
dirigido por Beth Formaggini.
Num estúdio preto, iluminado por
projeções gráficas e audiovisuais, o atual pastor evangélico e ex-delegado da Polícia
Civil do Espírito Santo Cláudio Guerra empunha uma Bíblia enquanto responde às
perguntas do psicólogo Eduardo Passos, ligado aos movimentos em defesa dos
direitos humanos.
O roteiro da entrevista busca
sintetizar e desenvolver as macabras revelações feitas por Guerra a partir do
início desta década. As principais encontram-se em seu depoimento ao livro
“Memórias de Uma Guerra Suja”, de Rogério Medeiros e Marcelo Netto, à Comissão
Nacional da Verdade, e em duas entrevistas televisivas ao jornalista Alberto
Dines.
Logo compreende-se a referência por
Dines à “banalidade do mal” captada por Hannah Arendt durante o julgamento em
1961 do nazista Adolf Eichmann. Guerra discorre com tranquilidade sobre as
execuções e cremações de corpos de militantes de esquerda, armada ou não, que
pessoalmente realizou na década de 1970.
Ele afirma: “Era impessoal”, “não
sentia nada”, “minha bandeira era cumprir ordens”. Busca distanciar-se dizendo:
“Eu nunca participei de tortura”. E garante: “Eu falo em primeira pessoa”.
Cláudio Guerra desfia nomes, patentes,
endereços e datas. Para demonstrar a lógica do sistema de violência do Estado
durante o regime militar, esclarece episódios como as execuções de lideranças
do PCB na chamada Operação Radar entre 1974 e 1975, o assassinato da estilista
Zuzu Angel em 1976, os atentados contra a sede da OAB no Rio em 1980 e, no ano
seguinte, contra o Riocentro. Todos realizados por opositores à abertura
democrática de dentro do próprio regime.
Em seu ascetismo estético, “Pastor Cláudio”
potencializa o impacto de um testemunho direto sobre a face mais odiosa da
ditadura militar de 1964. Não poderia ser mais oportuno.
Todas as quartas-feiras às
20h, com reapresentação às 18h40 das quintas-feiras, às 15h30 das
sextas-feiras e às 11h20 dos domingos.
Sky – canal 55
Claro TV – canal 67
Net - canal 150
Vivo TV – canal 79 (cabo) canal 566 (DTH)
Oi TV – canal 66
GVT – canal 103
Curadoria, Apresentação e Direção Geral: Amir Labaki
Produção Executiva: Mônica Guimarães
Assistentes de produção: Ana Paula Almeida e Tetê Andriolli
Fotografia: Erick Mammoccio
Técnico de Som: Leandro Alves
Edição: Beatriz Domingos
Direção: Kiko Mollica
Gravado no Reserva Cultural
Realização: É Tudo Verdade e Canal Brasil