Nosso
filme dessa semana é “Waiting for B.”, de Paulo Cesar Toledo e Abigail Spindel.
B. é, claro, Beyoncé, a megaestrela pop americana. Não, não
se trata de mais um documentário com os bastidores de evento musical.
Beyoncé é essencial como referência cultural –e só. “Waiting
for B.” acompanha durante dois meses o cotidiano na fila de espera dos
detentores dos ingressos mais baratos para o show dela no Morumbi em São Paulo em
2013.
O filme dribla logo a armadilha do retrato do fanatismo
exótico. Trata-se isso sim de flagrar as identidades a contrapelo do clichê.
Algumas características sociais comuns irmanam os que se
revezam na guarda do lugar na fila, dia e noite, ver de perto o show da
cantora. Predominam homens, jovens, pobres, gays e negros ou mulatos.
Cada qual batalha na vida como pode. Ser um fã é assim
afirmação e não renúncia. Histórias de discriminação já os aproximavam antes da
espera comum. Pelo período em que dura a fila, outras são gravadas pela câmera.
Se o ângulo é original, é um país autoritário, infelizmente bem conhecido, o
que desfila pelo filme.