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23/06/2017
Outra Noite em 67
Por Amir Labaki

 
Em outubro completa-se o cinquentenário do III Festival de Música Popular Brasileira recordado de forma brilhante pelo documentário “Uma Noite em 67” (2010) de Renato Terra e Ricardo Calil. É iluminador celebrá-lo contrapondo-o a outra marcante efeméride de meio século de um festival de música popular, no caso a italiana: a 17ª edição de San Remo, concluída sob tintas trágicas em janeiro daquele ano.

O contraste não poderia ser maior. O terceiro festival da Record inscreveu-se em nossa história cultural como a plataforma de consolidação de uma nova geração da música brasileira, pela consagração de Edu Lobo (Ponteio) e de Chico Buarque (Roda Viva) e sobretudo pela popularização da Tropicália, com “Domingo no Parque” de Gilberto Gil e “Alegria, Alegria” de Caetano Veloso. Em plena ditadura militar instaurada em 1964, a contrapelo dela, havia o desejo de liberdade a cantar.

Se algo de seminal se passou em São Paulo, viveu-se o oposto em San Remo. O então mais conhecido e tradicional festival da canção na Europa, inspiração assumida para o evento brasileiro, foi sacudido, na madrugada  de seu último dia, pelo suicídio de um dos participantes.

Luigi Tenco (1938-1967) pertencia à chamada “escola genovesa”, responsável pela renovação da música italiana, em reação à  pegada romântica, consagrada mundo afora, por nomes como Domenico Modugno (1928-1994), de “Nei Blu Dipinto di Blu (Volare)” e “Dio Come Ti Amo”. Influenciado pela geração beat americana, com jeito de bonitão inconformista, parceiro do mesmo Sergio Bardotti (1939-2007) que colaboraria pouco depois com Chico Buarque, Tenco debutava algo a contragosto como concorrente em San Remo em 1967.

Autor de canções censuradas na Itália, ele suavizou uma nova composição de pegada antimilitarista, “Li Vidi Tornare”  (Os Vi Retornar), para transformá-la numa balada romântica, “Ciao Amore Ciao”. Sim, aquela mesma.

“Ciao Amore Ciao” fracassou retumbantemente em seu lançamento entre as 30 canções concorrentes, sendo desclassificada já na primeira noite pelo voto popular. Tampouco convenceu o júri do processo de repescagem para a finalíssima da terceira noite, sendo preterida em favor de “La Rivoluzione” de Gianni Pettenati.

Cada música em concurso era cantada separadamente por dois intérpretes. “Ciao Amore Ciao” foi defendida pelo próprio Tenco e por sua então namorada, a ascendente intérprete francesa de origem egípcio-italiana Dalida (1933-1987). Formava ela parte da legião estrangeira a participar de San Remo naquele ano, ao lado das também jovens Cher, Connie Francis, Dionne Warwick e Marianne Faithfull.

Horas depois da eliminação confirmada, na madrugada anterior à noitada de premiação (28 de janeiro), o corpo de Luigi Tenco, com um tiro na cabeça, foi encontrado por Dalida. Ao lado dele, em seu quarto de hotel, um bilhete: “"Eu amei o publico italiano a quem dediquei inutilmente cinco anos da minha vida. Faço isto não por estar cansado de viver (pelo contrário) mas como gesto de protesto contra um público que manda ‘Io, Tu e Le Rose’ para a final e uma comissão que seleciona ‘La Rivoluzione’. Espero que sirva para esclarecer as ideias de alguém. Ciao. Luigi".

O show tinha de continuar. A hipótese de suicídio foi de imediato oficializada. Tenco, afinal, transpirara desconforto durante todo o festival, reclamando da pasteurização musical e do comercialismo de San Remo. Teorias da conspiração acompanham até hoje o episódio. O caso chegou a ser reaberto pela justiça na década passada e a mesma conclusão reafirmada. A melodramática “Non Pensare a Me” (Não Pense em Mim) venceu o festival. Quem ainda a assobia hoje?

Dois meses após a morte de Tenco, no mesmo hotel, Dalida tentou o suicídio. Reergueu-se aos poucos, tornando-se uma das mais populares e camaleônicas cantoras francesas pelas duas décadas seguintes. Em constante reinvenção, foi uma autêntica precursora de Madonna, num arco que a levou de intérprete de baladas, muitas vezes autobiográficas, a ícone pop gaulês.

Na França, o ano Macron é também o ano Dalida. Em janeiro chegou às telas uma cinebiografia em que é interpretada pela ex-modelo italiana Sveva Alviti. Desde abril e até agosto, o Palais Galliera – Museu da Moda de Paris apresenta uma exposição com a exuberância e versatilidade de seus figurinos.

Tudo para marcar os 30 anos de sua morte. Em maio de 1987, Dalida se suicidou, como o fizeram, depois de Tenco, mais dois de seus amantes. “Ciao Amore Ciao” manteve-se até o fim em seu repertório. Certas noites de 1967 continuam a nos assombrar.


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