Nosso filme da semana é “A
Farra do Circo”, de Roberto Berliner e Pedro Bronz, uma coprodução de 2013 de
nosso canal.
O “circo” da “farra” é o
Circo Voador, um pólo cultural surgido no Rio em 1982. Estabelecido
inicialmente no Arpoador e depois na Lapa, tornou-se palco essencial para os
movimentos de renovação artística na cidade.
Já a “farra” do título é uma
dupla homenagem. De um lado, ao caráter dionisíaco das experiências de toda uma
geração de jovens artistas que se iniciaram por lá. De outro, à passagem pelo
Circo do espetáculo musical “A Farra da Terra” (1983), um dos mais importantes
da fase inicial do grupo Asdrúbal Trouxe o Trombone.
“A Farra do Circo” busca
recuperar antes a alma do que a história daquela “usina de sonhos” capitaneada
sobretudo pelo ator Perfeito Fortuna. Tanto é assim que a curva temporal cobre
essencialmente apenas o período entre 1982, quando foi brevemente montado no
Arpoador, e 1986, ano de uma conturbada viagem do Circo a Guadalajara, México,
durante a Copa do Mundo.
A narrativa segue a
cronologia sem fanatismo. Dois vetores orientam a progressão dramática: o papel
catalisador do espaço para toda uma geração de artistas (o Circo) e a busca
constante para estender a experiência para além de seu endereço fixo (Voador).
O filme se distingue da maior
parte dos documentários sobre cultura brasileira ao abrir mão de qualquer
narração em “off” e também de entrevistas atuais com seus protagonistas. Os
depoimentos são apenas aqueles colhidos no calor da hora –ou da farra.
Quase todo o material de
arquivo audiovisual foi rodado ainda em VHS por Roberto Berliner. Aqui e ali
introduzem-se, por motivo de contextualização, registros telejornalísticos. Mas
o que vemos e ouvimos é essencialmente o resultado do trabalho voluntário de um
jovem videasta, em processo de formação assim como seus colegas de geração
captados pela câmera.
É esta raríssima vontade de
documentário que imanta de maneira especial “A Farra do Circo”. Berliner divide
a empreitada de organização dramática de seu acervo com o editor Pedro Bronz em
busca aqui sim de um mediador, sensatamente de uma geração posterior. O filme
resultante é um fascinante retrato geracional mas também uma espécie de
generosa autobiografia através dos outros.
Programa no Canal BrasilSky – canal 55Claro TV – canal 67Vivo TV – canal 79 (cabo) canal 566 (DTH)Oi TV – canal 66GVT – canal 103
Apresentação: Amir Labaki
Curadoria, Apresentação e Direção Geral: Amir Labaki // Produção Executiva: Mônica Guimarães // Assist. de produção: Ana Paula Almeida // Fotografia: Erick Mammoccio // Assist. de gravação: Pérsio Gimenes // Edição: Mariana Fumo // Direção: Kiko Mollica // Gravado no Espaço Itaú de Cinema // Realização: É Tudo Verdade e Canal Brasil