Nosso
filme de hoje é “Mazzaropi”, documentário de estréia do crítico Celso Sabadin,
coproduzido em parceria com nosso canal.
Todo mundo conhece Mazzaropi, um dos cômicos mais populares
do cinema brasileiro –só que não. O grande intérprete do caipira paulista, nos
palcos e nas telas, como que se ocultou por trás de sua criação, voluntária e
involuntariamente.
Seu retrato cinematográfico por Celso Sabadin destaca-se por
revelar de forma pioneira o homem que era esfinge. Amacio Mazzaropi foi um
“self made man”, de origem modesta, filho de imigrantes, que se tornou estrela
e empresário, cineasta e distribuidor, numa trajetória única na produção
audiovisual do Brasil.
Sabadin inicia seu filme examinando a mitologia do caipira
para logo se fixar em sua principal encarnação na cultura popular. Como tantos
gênios da comédia, como Chaplin e Oscarito, Mazzaropi forjou sua persona
artística primeiro em palcos mambembes.
Foi como Jeca que seu personagem se popularizou, chapéu de
palha, bigode fino, voz aguda, jeito tímido, esperteza dissimulada. Herdou o
nome, claro, do Jeca Tatu de Monteiro Lobato, o tipo ideal do caipira que Mazzaropi
interpretou na verdade apenas uma vez, em seu décimo filme, rodado em 1959.
Mazzaropi chegara ao cinema no começo da década de1950,
depois de passar pelo rádio e pela nascente TV. Foi a aposta cômica mais bem
sucedida da efêmera tentativa industrial representada pela Vera Cruz de Franco
Zampari, onde protagonizou “Sai da Frente”, “Nadando em Dinheiro” e “Candinho”.
Amacio não demoraria a acumular atividades atrás das
câmeras, progressivamente como diretor, co-roteirista, produtor e lançador dos
próprios filmes. Foram 32 títulos, mais de um terço sob seu controle. Que foi
um campeão de bilheterias é notório, mas uma das sacadas do filme de Sabadin é
esmiuçar como coordenava minuciosamente todo o processo. Depois de ofertar
tanto riso, finalmente Amacio Mazzaropi é levado a sério.

Apresentação: Amir Labaki
Curadoria, Apresentação e Direção Geral: Amir Labaki // Produção Executiva: Mônica Guimarães // Assist. de produção: Ana Paula Almeida // Fotografia: Erick Mammoccio // Assist. de gravação: Daniel Domingues // Edição: Mariana Fumo // Direção: Kiko Mollica // Gravado no Espaço Itaú de Cinema // Realização: É Tudo Verdade e Canal Brasil